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Classes mais ricas gostariam de ter famílias maiores
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um segundo casamento,
uma vida financeira mais estável ou apenas o desejo de voltar
a ter um bebê no momento em
que a idade reprodutiva caminha para o fim. Essas são algumas das motivações que têm levado homens e mulheres com
boa situação financeira a querer mais filhos, segundo especialistas em reprodução.
Na pesquisa Datafolha, 24%
dos entrevistados mais ricos
declararam que, se pudessem
voltar no tempo e mudar suas
escolhas, teriam mais filhos
-contra 17% dos que disseram
que teriam menos ou nenhum.
Já entre os mais pobres, o percentual dos que teriam menos
ou nenhum filho (45%) supera
o dos que teriam mais (20%).
"Há casais que sentem saudade da época em que os filhos
eram bebês. Mas o forte mesmo
são mulheres que estão em novos relacionamentos e querem
ter filhos na nova união", afirma o ginecologista e obstetra
Arnaldo Cambiaghi.
É o caso de Thaís Cristina
Araújo, 28. Mãe pela primeira
vez aos 19 anos, ela se casou novamente há quatro anos. O marido tinha dois filhos do primeiro casamento e havia feito vasectomia. "Queríamos um filho
nosso e corremos atrás desse
sonho", diz ela, que deu à luz
Vitória no último dia 8, após
duas fertilizações in vitro.
Para o médico Dirceu Mendes de Almeida, presidente da
Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, muitos casais
têm necessidade de ter filhos
para "consolidar a nova união".
Outros motivos que levam
mulheres a desejarem mais filhos são o crescimento da prole
e a aproximação da menopausa. "Elas sentem um vazio, uma
vontade enorme de voltar a
trocar fraldas", brinca Almeida.
Ser mãe novamente na faixa
dos 40 anos, quando em geral
os filhos estão na adolescência,
também é uma forma de as
mulheres se sentirem rejuvenescidas, avalia o ginecologista
Thomaz Gollop, professor livre-docente pela USP.
A advogada Sandra Sampaio,
42, assina embaixo. "Depois do
nascimento do Lucas [2 anos],
me sinto dez anos mais nova",
diz ela, também mãe de dois
adolescentes de 15 e 17 anos.
A partir do Censo 2000, a demógrafa Moema Guedes, doutora pela Unicamp, identificou
que, nas mulheres com nível
universitário de 40 a 49 anos,
quanto maior a renda, maior o
número de filhos. "É complicado atribuir causalidade entre
os dois fenômenos, mas o resultado nesse grupo desconstrói a idéia difundida de que
quem tem mais dinheiro sempre tem menos filhos."
A hipótese que ela sugere para explicar o comportamento é
que, para quem tem mais escolaridade, ter um filho implica
gastos maiores, como escolas
privadas. É por isso que uma
renda maior poderia explicar o
fato de a mulher ter mais filhos.
Colaborou ANTONIO GOIS, da Sucursal do Rio
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