|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE/ NEUROLOGIA
UTI especializada diminui número de pacientes mortos
Segundo relatório de entidade de Londres, houve redução de 25% dos casos fatais de AVC
Unidades de terapia intensiva específicas
se caracterizam por aparelhagem e equipe altamente especializadas
ISABELA MENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Unidades de terapia intensiva especializadas estão diminuindo o número de mortes e
de seqüelas nos doentes. Os pacientes neurológicos estão entre os principais beneficiados.
Foi o que concluiu um relatório -o National Sentinel Audit
of Stroke de 2001- sobre derrame cerebral do Royal College
of Physicians de Londres, entidade que indica padrões de
qualidade na área médica.
Dos 8.200 pacientes acometidos por AVC (acidente vascular cerebral) nos 240 hospitais
avaliados na Inglaterra, País de
Gales e Irlanda do Norte, percebeu-se a redução de 25% de
casos fatais em função, justamente, do atendimento específico. Na versão 2006 do relatório, a tendência se mantém.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, doenças neurológicas já não ocupam o primeiro lugar entre as enfermidades
que mais levam brasileiros à
morte. Em levantamento de
2004, o penúltimo feito pelo
ministério, o AVC encabeçava a
lista com 90.930 óbitos.
Pelos dados mais recentes, o
número de doentes cérebrovasculares fatais caiu para
89.850, ocupando o quarto lugar (em primeiro ficaram as
doenças do aparelho respiratório, com 283.275 mortes).
A queda se deve, em grande
parte, à tendência mundial de
segmentação das unidades de
terapia intensiva e à criação das
UTIs neurológicas, que se caracterizam por aparelhagem altamente tecnológica e equipe
especializada.
"Até pouco tempo atrás, um
paciente que chegava a uma
UTI com lesão cerebral adulta,
como um trauma craniano ou
um AVC, recebia somente tratamento passivo, ou seja, era
mantido vivo para que recuperasse espontaneamente o quadro neurológico. Não havia intervenção específica para tratá-lo", explica o médico intensivista Guilherme Schettino,
coordenador da UTI do Hospital Sírio Libanês.
"Hoje o tratamento é ativo, o
paciente recebe monitoramento preciso que permite medicá-lo de forma correta e em tempo
hábil", afirma.
Segundo Schettino, pacientes com AVC isquêmico (entupimento de uma artéria pela
falta de circulação sangüínea)
antes internados em UTIs apenas para que tivessem mantido
o suporte de vida, hoje são tratados com um grupo de medicamentos chamados trombolíticos, capazes de dissolver o
coágulo (trombo) que causou a
isquemia.
"Essa intervenção mudou radicalmente a evolução da doença. Houve diminuição não só do
número de mortes e da ocorrência de seqüelas mas também do tempo de internação, o
que reduz os custos."
Uma UTI neurológica pode
funcionar tanto dentro de uma
UTI geral como em local distinto. O que a define não é o espaço
físico, e sim a aparelhagem específica para monitoramento e
tratamento de patologias do cérebro, ou seja, recursos tecnológicos e também recursos humanos especializados na prática do neurointensivismo.
"A criação de UTIs neurológicas ou a prática do neurointensivismo são marcantes", explica o médico José Maria da
Costa Orlando, presidente da
Associação de Medicina Intensiva Brasileira. "Mas é bom ressaltar que é preciso que haja
um bom atendimento por equipes treinadas e especializadas."
Texto Anterior: Sabatina com Kassab Próximo Texto: Perguntas Índice
|