São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE/ NEUROLOGIA

UTI especializada diminui número de pacientes mortos

Segundo relatório de entidade de Londres, houve redução de 25% dos casos fatais de AVC

Unidades de terapia intensiva específicas se caracterizam por aparelhagem e equipe altamente especializadas

ISABELA MENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Unidades de terapia intensiva especializadas estão diminuindo o número de mortes e de seqüelas nos doentes. Os pacientes neurológicos estão entre os principais beneficiados.
Foi o que concluiu um relatório -o National Sentinel Audit of Stroke de 2001- sobre derrame cerebral do Royal College of Physicians de Londres, entidade que indica padrões de qualidade na área médica.
Dos 8.200 pacientes acometidos por AVC (acidente vascular cerebral) nos 240 hospitais avaliados na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, percebeu-se a redução de 25% de casos fatais em função, justamente, do atendimento específico. Na versão 2006 do relatório, a tendência se mantém.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, doenças neurológicas já não ocupam o primeiro lugar entre as enfermidades que mais levam brasileiros à morte. Em levantamento de 2004, o penúltimo feito pelo ministério, o AVC encabeçava a lista com 90.930 óbitos.
Pelos dados mais recentes, o número de doentes cérebrovasculares fatais caiu para 89.850, ocupando o quarto lugar (em primeiro ficaram as doenças do aparelho respiratório, com 283.275 mortes).
A queda se deve, em grande parte, à tendência mundial de segmentação das unidades de terapia intensiva e à criação das UTIs neurológicas, que se caracterizam por aparelhagem altamente tecnológica e equipe especializada.
"Até pouco tempo atrás, um paciente que chegava a uma UTI com lesão cerebral adulta, como um trauma craniano ou um AVC, recebia somente tratamento passivo, ou seja, era mantido vivo para que recuperasse espontaneamente o quadro neurológico. Não havia intervenção específica para tratá-lo", explica o médico intensivista Guilherme Schettino, coordenador da UTI do Hospital Sírio Libanês.
"Hoje o tratamento é ativo, o paciente recebe monitoramento preciso que permite medicá-lo de forma correta e em tempo hábil", afirma.
Segundo Schettino, pacientes com AVC isquêmico (entupimento de uma artéria pela falta de circulação sangüínea) antes internados em UTIs apenas para que tivessem mantido o suporte de vida, hoje são tratados com um grupo de medicamentos chamados trombolíticos, capazes de dissolver o coágulo (trombo) que causou a isquemia.
"Essa intervenção mudou radicalmente a evolução da doença. Houve diminuição não só do número de mortes e da ocorrência de seqüelas mas também do tempo de internação, o que reduz os custos."
Uma UTI neurológica pode funcionar tanto dentro de uma UTI geral como em local distinto. O que a define não é o espaço físico, e sim a aparelhagem específica para monitoramento e tratamento de patologias do cérebro, ou seja, recursos tecnológicos e também recursos humanos especializados na prática do neurointensivismo.
"A criação de UTIs neurológicas ou a prática do neurointensivismo são marcantes", explica o médico José Maria da Costa Orlando, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. "Mas é bom ressaltar que é preciso que haja um bom atendimento por equipes treinadas e especializadas."


Texto Anterior: Sabatina com Kassab
Próximo Texto: Perguntas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.