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Tatuapé terá o sexto maior parque de SP
Área do Ceret de acesso restrito, com 286 mil m2, será transferida do Estado para a Prefeitura de SP e liberada ao público
Representação do Estado contra conselho de maioria
sindical apontou desvios e resultou na renúncia dos
atuais administradores
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo vai ganhar um novo parque público
de 286 mil m2 no centro do Jardim Anália Franco, no Tatuapé. Será a sexta maior extensão
arborizada municipal, com
área equivalente a mais que o
dobro da do parque da Aclimação (118 mil m2), no centro.
O novo parque já está pronto, mas seu uso atualmente é
restrito a cerca de 20 mil sindicalistas e pessoas dispostas a
pagar para usar as dependências do Ceret (Fundação Centro Educativo, Recreativo e Esportivo do Trabalhador).
O Ceret tem uma das maiores piscinas da América Latina,
ginásio, quadras e uma extensa
área verde. A responsabilidade
pela área do parque, hoje a cargo do Estado de São Paulo, será
transferida para a Prefeitura de
São Paulo na semana que vem.
A transformação da área em
parque municipal foi possível a
partir de uma representação do
Estado ao Ministério Público
estadual denunciando uma série de supostas irregularidades.
Segundo a representação, os
desvios teriam sido cometidos
nos últimos anos pelos membros do conselho de administração do Ceret. O Estado pediu o afastamento deles.
Inaugurado em 1975, o Ceret
contava com um conselho onde a maioria (8 de 14 conselheiros curadores) era composta
por sindicalistas. O Estado, dono da área, era minoritário nas
decisões.
Irregularidades
Segundo a representação encaminhada ao Ministério Público, havia cobrança irregular
de estacionamento, contratação de pessoal sem concurso,
uso da área para "bota-fora" de
entulho de construtoras e fracionamento de despesas para
evitar licitações.
Com exceção de 1999, as contas do Ceret não vinham sendo
aprovadas pelo Tribunal de
Contas do Estado desde 1995.
A representação incluía uma
série de imagens do local. Em
algumas delas, várias árvores
do parque aparecem soterradas
até a altura das copas, o que o
Estado considerava conseqüência do despejo não-autorizado de entulho no local.
A representação denunciava
ainda uma falta total de transparência na contabilidade e receitas do Ceret.
A partir do pedido de explicações encaminhado pelo Ministério Público à administração
do Ceret, todos os conselheiros
decidiram pedir a renúncia de
seus cargos -antes mesmo que
houvesse uma ação da Justiça.
A destituição será publicada
hoje no "Diário Oficial" do Estado. Os conselheiros do Estado já haviam renunciado por
discordar da administração.
O ex-presidente do conselho,
o sindicalista Nildo Nogueira,
do Sindicato dos Comerciários
de São Paulo, afirma que as irregularidades apontadas não
procedem (leia texto ao lado).
Localizado no coração do
Jardim Anália Franco, bairro
com rápida expansão imobiliária, mais de 80% da área do Ceret é constituída de bosques e
conta ainda com pistas de corrida e caminhada, quadras poliesportivas e piscinas.
Algumas dessas áreas só podiam ser utilizadas por não-sócios, considerados "visitantes",
mediante pagamento de R$ 8
por pessoa. Além disso, a administração cobrava R$ 2 por veículo estacionado nas dependências do Ceret.
Antes da década de 70, a área
era composta apenas por mata
atlântica, até ser desapropriada
pelo então governador paulista,
Roberto Abreu Sodré (1917-1999). Ele governou o Estado
entre 1967 e 1971, dando início
à construção do Ceret.
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