São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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SANDRA LOUREIRO DE FREITAS REIS (1944-2008)

E a vida musicada entre os dois pianos

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para provar que Sandra Loureiro tinha a música no sangue e que bem o fizera ao comprar o piano, a mãe dizia que a primeira palavra balbuciada pela filha, ainda com menos de um ano, foi "rádio". Sandra não desmentia. Antes fazia da música, dia a dia, o lema de sua vida.
Nasceu em Belo Horizonte, filha de uma dona-de-casa e de um bancário que pagaram aos seis filhos bons cursos de piano. Só ela fez traçou sua vida na música. Aos dez compôs a primeira canção e aos 18 lecionava em grupos escolares. Fez música na faculdade (e direito, não explicava por quê) e deu aulas em escolas para crianças.
Até entrar para a Universidade Federal de Minas Gerais. Chegou a se apresentar, vez ou outra, mas "sua paixão era a UFMG, onde dirigiu a Escola de Música e onde aposentou-se como emérita.
Nunca chegou a gravar uma música. Os filhos é que, teimosos, decidiram juntar 22 de suas composições em um CD, batizado de "Uma História". Cada música representava um momento de sua vida, da morte do marido à presença dos dos quatro filhos e dois netos.
Há menos de um mês, ganhou do governo de Minas a Medalha da Inconfidência. Colhia os louros de uma vida musicada nos dois pianos que tinha: um de cauda, o "profissional"; e outro de armário, o "emocional" -aquele dado pela mãe para que aprendesse a tocar. Deixou ambos mudos, ao morrer no dia sete, aos 63, de infarto.

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