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SANDRA LOUREIRO DE FREITAS REIS (1944-2008)
E a vida musicada entre os dois pianos
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para provar que Sandra
Loureiro tinha a música no
sangue e que bem o fizera ao
comprar o piano, a mãe dizia
que a primeira palavra balbuciada pela filha, ainda com
menos de um ano, foi "rádio". Sandra não desmentia.
Antes fazia da música, dia a
dia, o lema de sua vida.
Nasceu em Belo Horizonte, filha de uma dona-de-casa
e de um bancário que pagaram aos seis filhos bons cursos de piano. Só ela fez traçou
sua vida na música. Aos dez
compôs a primeira canção e
aos 18 lecionava em grupos
escolares. Fez música na faculdade (e direito, não explicava por quê) e deu aulas em
escolas para crianças.
Até entrar para a Universidade Federal de Minas Gerais. Chegou a se apresentar,
vez ou outra, mas "sua paixão
era a UFMG, onde dirigiu a
Escola de Música e onde aposentou-se como emérita.
Nunca chegou a gravar
uma música. Os filhos é que,
teimosos, decidiram juntar
22 de suas composições em
um CD, batizado de "Uma
História". Cada música representava um momento de
sua vida, da morte do marido
à presença dos dos quatro filhos e dois netos.
Há menos de um mês, ganhou do governo de Minas a
Medalha da Inconfidência.
Colhia os louros de uma vida
musicada nos dois pianos
que tinha: um de cauda, o
"profissional"; e outro de armário, o "emocional"
-aquele dado pela mãe para
que aprendesse a tocar. Deixou ambos mudos, ao morrer
no dia sete, aos 63, de infarto.
obituario@folhasp.com.br
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