São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Rua 25 de Março terá "clone" na zona sul

Marginal Pinheiros terá shopping inspirado na via de comércio popular, com réplica em tamanho menor do Mercado Municipal

Empreendimento, pensado para atender consumidores das classes C e D, fica perto de dois terminais de transporte público em Santo Amaro


Joel Silva/Folha Imagem
Terreno na marginal Pinheiros em que será construído o projeto Nova 25 de Março, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A rua 25 de Março faz tanto sucesso com seu comércio de rua, mas tanto sucesso, que vai ganhar um clone.
Só que, sinais dos tempos, a réplica não ficará na rua -será num shopping na marginal Pinheiros, em Santo Amaro, numa área industrial abandonada na zona sul de São Paulo.
A Nova 25 de Março, como foi batizado o projeto, terá até uma réplica menor do Mercado Municipal, com vitrais e sanduíche de mortadela.
"Sempre olhamos o caos urbano da 25 de Março como uma oportunidade de negócios", diz Márcio Bevilacqua, diretor comercial da Savoy, empresa que criou o projeto e tem mais de mil imóveis na cidade de São Paulo, entre as quais os shoppings Interlagos e Aricanduva.
O projeto, segundo ele, surgiu de três constatações: a 25 de Março não tem para onde crescer, o acesso para carros é para lá de ruim e o tratamento que a clientela recebe na rua não faz jus à fama de ser o metro quadrado mais caro da América Latina (lá, o metro quadrado para locação vale R$ 100, quase o triplo dos R$ 30 cobrados na rua Oscar Freire, nos Jardins).
A região da réplica da 25 foi definida, de acordo com Bevilacqua, pela facilidade de se chegar a ela por meio de transporte público. O shopping fica entre uma estação de metrô (João Dias) e um terminal de ônibus, no Largo 13. "Sabemos que se houver fila de carro o público vai embora", afirma.
A zona sul foi escolhida, segundo a Savoy, a partir de uma pesquisa feita com frequentadores da 25 de Março. O público dessa região era o que mais se interessava pelos produtos vendidos na rua. O projeto foi pensado para atender os consumidores mais pobres, das chamadas classe C e D -daí a ênfase em transporte público. Mesmo assim, o estacionamento terá cerca de 4.000 vagas.
As ruas do shopping terão algo da "organização desorganizada" da 25 -não haverá ambulantes, mas quiosques darão um ar de bazar persa, um pedido dos comerciantes que aderiram ao projeto, de acordo com Otavio Caetano, assessor da diretoria da Savoy.
A Savoy diz que já vendeu 110 das 150 lojas previstas na primeira fase do projeto. O shopping, que deve consumir investimentos de R$ 76 milhões, deve ser inaugurado parcialmente no dia 25 de março do próximo ano, segundo a empresa.
O terreno do shopping, onde funcionava a fábrica da Metal Leve, tem 212 mil metros quadrados. Na primeira fase, a área construída não deve superar 50 mil metros quadrados.

Acesso e sucesso
O urbanista Candido Malta Campos Filho, professor de pós-graduação da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), diz que é boa a ideia de ocupar antigas áreas industriais com comércio. Isso já ocorre no Pari e no Brás, na região central.
Nessas duas áreas, a malha viária era ampla e estava ociosa, segundo Campos Filho. Na região de Santo Amaro, isso não ocorre, de acordo com o urbanista. A marginal Pinheiros e a avenida João Dias estão saturadas, afirma, e podem colocar em risco o negócio.
"O sucesso desse tipo de empreendimento depende do acesso", defende. Para ele, o shopping só deve ser viável quando for aberta uma avenida paralela à marginal Pinheiros. É uma continuação da avenida Luiz Carlos Berrini, prevista há cerca de 20 anos, mas que nunca saiu do papel.


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