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Lojistas criticam cópia e mostram desinteresse
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre os lojistas da 25 de
Março ouvidos pela Folha, falta entusiasmo e sobram críticas ao projeto de réplica do
maior centro de comércio popular da América Latina. Somente um dos entrevistados
tem interesse -tanto que já assinou contrato de locação, pelo
qual pagou R$ 90 mil.
Para a Teartecidos, há dez
anos na 25 de Março, o shopping possibilita sua primeira
expansão. "A ideia é atingir um
outro nicho de clientes. Afinal,
São Paulo é muito grande nem
todo mundo vem para cá", diz o
dono da loja, Paulo Abdalla.
No depósito de meias Ansarah, a opinião é outra. Eduardo
Ansarah, terceira geração ali e
diretor da Univinco (União de
Lojistas da 25 de Março), diz
que mimetizar a rua é "sonho
inatingível". "Isso é uma veia
onde corre sangue: informalidade, trânsito, movimento" -e
a cópia, como não vai ter essa
"vitalidade", não vai ser tão
atraente, afirma Ansarah.
Para Fernando Parsequian,
do Depósito Gregório, ao projeto faltam lojas-âncora populares. "Não pode ter uma C&A.
Se não tiver Armarinhos Fernando, ambulante e pirataria,
vai ser shopping normal." A Armarinhos Fernando não tem
contrato fechado. Outro "erro",
diz, é o suposto foco no atacado, já que há tendência de "as
fábricas atenderem, cada vez
mais, diretamente aos lojistas".
A maioria diz não ter interesse no projeto por não querer
expandir os negócios. "Tenho
medo de ter mais e não poder
administrar direito", diz Ivuruin Peixoto, da Peixoto Malas.
A professora da USP Heliana
Vargas diz que o projeto se assemelha aos "camelódromos",
criados para concentrar ambulantes, e que o atrativo da rua é
o movimento, aliado aos preços. "Algo planejado que reproduza isso é difícil, implica custo
ao lojista. Não creio que consigam tirar os mais tradicionais."
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