São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Lojistas criticam cópia e mostram desinteresse

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre os lojistas da 25 de Março ouvidos pela Folha, falta entusiasmo e sobram críticas ao projeto de réplica do maior centro de comércio popular da América Latina. Somente um dos entrevistados tem interesse -tanto que já assinou contrato de locação, pelo qual pagou R$ 90 mil.
Para a Teartecidos, há dez anos na 25 de Março, o shopping possibilita sua primeira expansão. "A ideia é atingir um outro nicho de clientes. Afinal, São Paulo é muito grande nem todo mundo vem para cá", diz o dono da loja, Paulo Abdalla.
No depósito de meias Ansarah, a opinião é outra. Eduardo Ansarah, terceira geração ali e diretor da Univinco (União de Lojistas da 25 de Março), diz que mimetizar a rua é "sonho inatingível". "Isso é uma veia onde corre sangue: informalidade, trânsito, movimento" -e a cópia, como não vai ter essa "vitalidade", não vai ser tão atraente, afirma Ansarah.
Para Fernando Parsequian, do Depósito Gregório, ao projeto faltam lojas-âncora populares. "Não pode ter uma C&A. Se não tiver Armarinhos Fernando, ambulante e pirataria, vai ser shopping normal." A Armarinhos Fernando não tem contrato fechado. Outro "erro", diz, é o suposto foco no atacado, já que há tendência de "as fábricas atenderem, cada vez mais, diretamente aos lojistas".
A maioria diz não ter interesse no projeto por não querer expandir os negócios. "Tenho medo de ter mais e não poder administrar direito", diz Ivuruin Peixoto, da Peixoto Malas.
A professora da USP Heliana Vargas diz que o projeto se assemelha aos "camelódromos", criados para concentrar ambulantes, e que o atrativo da rua é o movimento, aliado aos preços. "Algo planejado que reproduza isso é difícil, implica custo ao lojista. Não creio que consigam tirar os mais tradicionais."


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