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Acusado de vender donativos em SC é preso
Foram apreendidas 350 mil peças de roupas, além de calçados e alimentos; material deveria ir para vítimas de enchentes, diz polícia
Segundo a investigação, Ismael Ratzkob abriu pelo menos três brechós para vender peças; advogada do acusado não quis comentar
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Um empresário foi preso ontem sob a acusação de vender
donativos enviados às vítimas
das enchentes de novembro
passado em Santa Catarina
-que provocaram a morte de
135 pessoas no Estado.
Ismael Ratzkob, 37, dono de
uma empresa que fabrica móveis, foi preso em Rio Negrinho
(263 km de Florianópolis).
Com ele, segundo a polícia, foram apreendidas cerca de 350
mil peças de roupas, além de
calçados, alimentos e colchões.
A polícia disse que Ratzkob
abriu ao menos três brechós na
cidade, onde a maioria das peças era vendida a R$ 1.
Parte dos produtos foi encontrada em um galpão, perto
da casa do empresário.
"Ele falou que não via nada
de errado no que fazia, disse
que o material era sobra das enchentes", afirma o policial civil
Vilmar Pereira. A advogada de
Ratzkob, Patrícia Noronha, não
quis comentar as acusações.
Ao ser preso, segundo a polícia, o empresário afirmou ter
sido autorizado por uma funcionária da Prefeitura de Ilhota
(112 km de Florianópolis) a retirar os produtos. O nome dela
não foi divulgado.
"Ele disse que eram donativos entregues à prefeitura.
Contou que tirou as peças de
um depósito do município com
um caminhão", diz o delegado
Procópio Batista da Silveira
Neto, que investiga o caso.
Versão
Segundo a polícia, o empresário disse que não havia vigilância no depósito e que qualquer pessoa poderia entrar e
pegar os produtos.
A Prefeitura de Ilhota negou
ter conhecimento do caso e disse que vai investigar o suposto
desvio. Ilhota, que tem 12 mil
habitantes, foi uma das cidades
mais atingidas pela enchente.
O diretor da Defesa Civil em
Santa Catarina, major Márcio
Luiz Alves, lamentou o caso e
disse esperar que as pessoas
não desistam de fazer doações.
Investigação
A polícia suspeita que o desvio de donativos aos desabrigados ocorria havia dois meses,
mas não sabe quantas peças foram vendidas.
As investigações tiveram início há cerca de um mês, após a
polícia receber uma denúncia
contra o empresário.
O delegado disse que investiga a participação de outros suspeitos no caso, entre eles servidores públicos. Silveira Neto
disse que o empresário deverá
ser indiciado sob acusação de
receptação qualificada.
A polícia informou ter
apreendido um revólver com
Ratzkob. Até a tarde de ontem
ele não tinha apresentado o registro da arma.
O empresário seria transferido ontem de Rio Negrinho para
o Presídio de Mafra (310 km de
Florianópolis).
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