São Paulo, quarta-feira, 20 de maio de 2009

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Acusado de vender donativos em SC é preso

Foram apreendidas 350 mil peças de roupas, além de calçados e alimentos; material deveria ir para vítimas de enchentes, diz polícia

Segundo a investigação, Ismael Ratzkob abriu pelo menos três brechós para vender peças; advogada do acusado não quis comentar


JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Um empresário foi preso ontem sob a acusação de vender donativos enviados às vítimas das enchentes de novembro passado em Santa Catarina -que provocaram a morte de 135 pessoas no Estado.
Ismael Ratzkob, 37, dono de uma empresa que fabrica móveis, foi preso em Rio Negrinho (263 km de Florianópolis). Com ele, segundo a polícia, foram apreendidas cerca de 350 mil peças de roupas, além de calçados, alimentos e colchões.
A polícia disse que Ratzkob abriu ao menos três brechós na cidade, onde a maioria das peças era vendida a R$ 1.
Parte dos produtos foi encontrada em um galpão, perto da casa do empresário.
"Ele falou que não via nada de errado no que fazia, disse que o material era sobra das enchentes", afirma o policial civil Vilmar Pereira. A advogada de Ratzkob, Patrícia Noronha, não quis comentar as acusações.
Ao ser preso, segundo a polícia, o empresário afirmou ter sido autorizado por uma funcionária da Prefeitura de Ilhota (112 km de Florianópolis) a retirar os produtos. O nome dela não foi divulgado.
"Ele disse que eram donativos entregues à prefeitura. Contou que tirou as peças de um depósito do município com um caminhão", diz o delegado Procópio Batista da Silveira Neto, que investiga o caso.

Versão
Segundo a polícia, o empresário disse que não havia vigilância no depósito e que qualquer pessoa poderia entrar e pegar os produtos.
A Prefeitura de Ilhota negou ter conhecimento do caso e disse que vai investigar o suposto desvio. Ilhota, que tem 12 mil habitantes, foi uma das cidades mais atingidas pela enchente.
O diretor da Defesa Civil em Santa Catarina, major Márcio Luiz Alves, lamentou o caso e disse esperar que as pessoas não desistam de fazer doações.

Investigação
A polícia suspeita que o desvio de donativos aos desabrigados ocorria havia dois meses, mas não sabe quantas peças foram vendidas.
As investigações tiveram início há cerca de um mês, após a polícia receber uma denúncia contra o empresário.
O delegado disse que investiga a participação de outros suspeitos no caso, entre eles servidores públicos. Silveira Neto disse que o empresário deverá ser indiciado sob acusação de receptação qualificada.
A polícia informou ter apreendido um revólver com Ratzkob. Até a tarde de ontem ele não tinha apresentado o registro da arma.
O empresário seria transferido ontem de Rio Negrinho para o Presídio de Mafra (310 km de Florianópolis).


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