São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pauliceia, na Paulista, vira patrimônio de SP

Decisão do Condephaat inclui também o edifício São Carlos do Pinhal, no mesmo conjunto construído no fim dos anos 1950

Marcos da arquitetura moderna em São Paulo, prédios simbolizam transição da avenida dos casarões para a dos espigões

Danilo Verpa/Folha Imagem
Edifício Pauliceia (à esq.), que foi tombado pelo Estado junto com o prédio São Carlos do Pinhal, localizado no mesmo condomínio

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Exemplares fundamentais da arquitetura moderna de São Paulo, os edifícios Pauliceia e São Carlos do Pinhal, localizados na região central da avenida Paulista, são agora patrimônio histórico do Estado.
Os dois edifícios foram tombados pelo Condephaat (órgão estadual de preservação), em decisão publicada no "Diário Oficial" no último dia 15.
O despacho cita "a importância dos projetos da arquitetura moderna para a constituição da paisagem resultante do cosmopolitismo assumido pela cultura urbana em São Paulo, a partir da década de 1950."
Projetados por Jacques Pillon (1905-1962) e Gian Carlo Gasperini, 84, no fim dos anos 50, os prédios sintetizam características fundamentais da arquitetura moderna: fachada com pastilhas e venezianas; marquises e pilotis (tipo de coluna) no térreo, que, no projeto original, era totalmente aberto tanto para a Paulista quanto para a rua São Carlos do Pinhal.
A proteção do Condephaat compreende às áreas comuns em todos os andares, o projeto paisagístico dos jardins e a fachada original do conjunto.
Isso significa que os proprietários de apartamentos não precisam de autorização do órgão para fazer reformas internas, desde que não interfiram em nenhum desses elementos.
A venda de apartamentos também está liberada, mas o aluguel da cobertura para antenas de celulares está vetado.
Entre os moradores, a notícia foi bem recebida. "O projeto cristaliza muitos dos ideais da época em que foi projetado. O tombamento é uma ótima notícia", diz o arquiteto Ângelo Bucci, 46, proprietário e morador do edifício São Carlos do Pinhal há 14 anos.
O pedido de tombamento foi formalizado em 2003, por moradores preocupados com uma possível mudança do projeto paisagístico do jardim.
"É importante conservarmos as características originais do projeto", diz o arquiteto Carmelo de Benedeto, morador do São Carlos do Pinhal e um dos autores do pedido.
Reduto de arquitetos e urbanistas, os prédios passaram por reformas pontuais nos últimos anos. A mais recente delas, em 2006, teve a substituição dos elevadores. "O prédio está em ótimo estado de conservação", diz Benedeto.

Período de transição
Segundo o professor de história da arquitetura Hugo Segawa, da FAU-USP, coordenador do Docomomo (ONG internacional de preservação da arquitetura moderna) em São Paulo, os dois edifícios simbolizam um período de transição: foram uns dos primeiros prédios residenciais em uma avenida Paulista ainda ocupada predominantemente por casarões.
"Naquele momento, ele contrastava com a paisagem de casarões. Hoje, chama atenção pela discrição, mas se destaca frente aos edifícios corporativos de vidro", observa Segawa.
Os prédios já são protegidos pelo Conpresp (órgão municipal do patrimônio) e aguardam a decisão que resultaria também em tombamento na instância municipal.


Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO , da Reportagem Local)


Texto Anterior: Nicola Colloca (1946-2010): Os vinhos de Nico, um engenheiro italiano
Próximo Texto: Medida preserva memória de SP, diz autor
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.