|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPINIÃO
Brincando de "War"
PAULO ROBERTO RAYMUNDO
Se alguém perguntar a Fernando
Davos Cardoso, o FDC, se prefere
ser rico e feliz a ser pobre e infeliz,
ele escolherá rapidinho a primeira
alternativa, acrescentando que
gostaria de tornar-se também onipresente e sempiterno. Sinais do
seu governo dão essa indicação.
Jornalistas já perceberam que
FDC só responde a críticas formuladas pelo adversário Lula, exibindo assim a atitude do inquirido
que determina as perguntas que o
inquiridor pode fazer.
Estratagema similar o "soi-disant" social-democrata vem desenvolvendo nas suas políticas de
enfrentamento da sociedade civil.
Ele sabe que, excluídos os partidos
adversários, as maiores resistências que encontra são o MST e o
funcionalismo federal. Nosso
Clausewitz de fim de feira pensa
assim: o MST pega pesado, é melhor negociar com ele. Já o movimento dos servidores federais é
mais fácil de enfrentar, tendo contra si a mídia e o Judiciário, domesticados pelo Executivo.
Em suma, o governo poderia desenvolver uma política salarial para o funcionalismo federal a partir
de reajustes lineares. Dinheiro para isso tem; é só ver o quanto a arrecadação tem aumentado.
Mas ele acha melhor realimentar
sistematicamente a antipatia dos
servidores contra si e sua imagem
de guardião da moeda, polarizando contra eles. Para isso, aniquila-os economicamente, contando
com o apoio da mídia, que já concluiu sua tarefa de anatematizá-los
perante a massa acrítica.
Outro exemplo de engenharia
política vulgar vem do braço armado do governo, o Ministério da
Administração. O ministro Bresser emula o conviva que cantou a
mulher do brutamontes e sai da
festa andando para trás, para dar a
impressão de que está chegando.
Antes de a reforma administrativa ser promulgada, o trainee de
ilusionista promove mudanças no
serviço público, chegando a contratar sem licitação a FIA-USP e
pagando a ela quase R$ 1 milhão
para "reestruturar" o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A par disso, e achando que ninguém nota seu passa-moleque inconstitucional, o ministro, ainda
na vigência da estabilidade funcional dos servidores federais, reduz
a remuneração desses à metade,
como se fosse possível dar provimento às relações de emprego do
serviço público suprimindo seu
conteúdo remuneratório. Ou seja,
enquanto reclama do trâmite moroso da reforma administrativa,
ele demite não apenas uma parte
do funcionalismo, mas todo ele!
FDC imagina-se estadista. Suas
maquinações revelam-no um sôfrego arauto da Idade Média.
Paulo Roberto Pereira Raymundo, 44, contador, é pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, fiscal do
INSS e autor do livro "O Que é Administração"
(editora Brasiliense)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|