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Pitta hoje tem votos bastantes para barrar o impeachment
JOÃO CARLOS SILVA
OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local
O prefeito Celso Pitta (sem partido) tem hoje os 22 votos necessários para barrar o atual pedido de
impeachment em discussão na Câmara paulistana.
O apoio declarado a Pitta é suficientes para impedir que a oposição consiga os 33 votos necessários
para criar uma comissão processante que analise o afastamento
dele. No pedido em questão, o prefeito é acusado de omissão na apuração de denúncias e de irregularidades na emissão de títulos públicos para pagamento de precatórios
(dívidas judiciais), por exemplo.
Até ontem, segundo levantamento feito pela Folha entre os vereadores, a oposição só tinha 24
votos e teria que conseguir o apoio
de outros nove vereadores governistas para inverter o quadro pró-Pitta.
As chances da oposição ainda
podem ser ampliadas devido a
uma suspeita levantada na Câmara
de que a interferência pessoal do
ex-prefeito Paulo Maluf possa mudar a situação confortável de Pitta.
Ontem à noite, 12 dos 15 vereadores da bancada do PPB se reuniram
na Câmara. Um dos assuntos em
pauta na reunião é a posição que os
vereadores vão tomar na briga Pitta-Maluf.
A reunião não havia terminado
até o fechamento desta edição, mas
havia expectativa de que o apoio a
Pitta pudesse ser ampliado.
Esse impasse não existia antes da
volta do ex-prefeito a São Paulo,
anteontem. Paulo Maluf estava na
Europa e, na chegada, declarou
que não iria interferir nos votos
dos pepebistas.
"O tiroteio entre Maluf e Pitta
complica muito a vida do PPB. Um
está sem cargo e o outro está sem
partido, mas os dois influenciam
os vereadores", disse o vereador
Edivaldo Estima (PPB).
Coincidentemente, a possibilidade de os votos de vereadores
mudarem surgiu junto com a dúvida sobre a data em que a votação
da comissão de impeachment pode ocorrer.
A votação estava marcada pelo
presidente da Câmara, Armando
Mellão Neto (sem partido), para
ocorrer até hoje. Mas ontem ele
não quis falar sobre o assunto.
Procurado em seu gabinete,
mandou uma atendente dizer que
não estava. Em seguida, passou a
receber vereadores governistas para uma reunião a portas fechadas.
Depois, sua assessoria informou
que a votação só deve ocorrer na
próxima semana.
Apoio de investigados
Mesmo com as chances de mudanças de votos, Pitta ganhou ontem o apoio oficial de dois vereadores do PPB -Dito Salim e Emílio Meneghini- e de José Izar
(PFL) e Osvaldo Enéas (Prona).
Dos quatro, três estão sob suspeita. Dito Salim é acusado pelo
deputado estadual Conte Lopes
(PPB) de ter sido no mínimo conivente com a cobrança de propina
na Regional de Itaquera.
Izar foi indiciado sob acusação
de envolvimento na corrupção da
Lapa. Enéas e sua família aparecem em gravações dizendo que tinham benefício financeiro pessoal
com o controle da Regional da Casa Verde.
"Sou a favor do Pitta até o último
dia de meu mandado", disse Izar,
que é acusado pela polícia por formação de quadrilha, entre outros
delitos.
"O prefeito é um homem probo.
Essas acusações são injustas", disse ontem o vereador Enéas, que
tem o crescimento de seu patrimônio investigado pelo Ministério
Público.
Sete vereadores declararam que
continuam indecisos. Entre eles,
estão quatro do PPB, que poderiam definir seus votos após a reunião de bancada de ontem, que
não havia acabado até as 20h.
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