São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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Pitta hoje tem votos bastantes para barrar o impeachment

JOÃO CARLOS SILVA
OTÁVIO CABRAL
da Reportagem Local

O prefeito Celso Pitta (sem partido) tem hoje os 22 votos necessários para barrar o atual pedido de impeachment em discussão na Câmara paulistana.
O apoio declarado a Pitta é suficientes para impedir que a oposição consiga os 33 votos necessários para criar uma comissão processante que analise o afastamento dele. No pedido em questão, o prefeito é acusado de omissão na apuração de denúncias e de irregularidades na emissão de títulos públicos para pagamento de precatórios (dívidas judiciais), por exemplo.
Até ontem, segundo levantamento feito pela Folha entre os vereadores, a oposição só tinha 24 votos e teria que conseguir o apoio de outros nove vereadores governistas para inverter o quadro pró-Pitta.
As chances da oposição ainda podem ser ampliadas devido a uma suspeita levantada na Câmara de que a interferência pessoal do ex-prefeito Paulo Maluf possa mudar a situação confortável de Pitta.
Ontem à noite, 12 dos 15 vereadores da bancada do PPB se reuniram na Câmara. Um dos assuntos em pauta na reunião é a posição que os vereadores vão tomar na briga Pitta-Maluf.
A reunião não havia terminado até o fechamento desta edição, mas havia expectativa de que o apoio a Pitta pudesse ser ampliado.
Esse impasse não existia antes da volta do ex-prefeito a São Paulo, anteontem. Paulo Maluf estava na Europa e, na chegada, declarou que não iria interferir nos votos dos pepebistas.
"O tiroteio entre Maluf e Pitta complica muito a vida do PPB. Um está sem cargo e o outro está sem partido, mas os dois influenciam os vereadores", disse o vereador Edivaldo Estima (PPB).
Coincidentemente, a possibilidade de os votos de vereadores mudarem surgiu junto com a dúvida sobre a data em que a votação da comissão de impeachment pode ocorrer.
A votação estava marcada pelo presidente da Câmara, Armando Mellão Neto (sem partido), para ocorrer até hoje. Mas ontem ele não quis falar sobre o assunto.
Procurado em seu gabinete, mandou uma atendente dizer que não estava. Em seguida, passou a receber vereadores governistas para uma reunião a portas fechadas. Depois, sua assessoria informou que a votação só deve ocorrer na próxima semana.

Apoio de investigados
Mesmo com as chances de mudanças de votos, Pitta ganhou ontem o apoio oficial de dois vereadores do PPB -Dito Salim e Emílio Meneghini- e de José Izar (PFL) e Osvaldo Enéas (Prona).
Dos quatro, três estão sob suspeita. Dito Salim é acusado pelo deputado estadual Conte Lopes (PPB) de ter sido no mínimo conivente com a cobrança de propina na Regional de Itaquera.
Izar foi indiciado sob acusação de envolvimento na corrupção da Lapa. Enéas e sua família aparecem em gravações dizendo que tinham benefício financeiro pessoal com o controle da Regional da Casa Verde.
"Sou a favor do Pitta até o último dia de meu mandado", disse Izar, que é acusado pela polícia por formação de quadrilha, entre outros delitos.
"O prefeito é um homem probo. Essas acusações são injustas", disse ontem o vereador Enéas, que tem o crescimento de seu patrimônio investigado pelo Ministério Público.
Sete vereadores declararam que continuam indecisos. Entre eles, estão quatro do PPB, que poderiam definir seus votos após a reunião de bancada de ontem, que não havia acabado até as 20h.


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