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VIOLÊNCIA
Manifestantes acusam policial militar de ter disparado; prefeitura foi invadida
Perueiro morre durante protesto em GO
ANDRÉA DE LIMA
da Agência Folha
Cerca de 400 motoristas de vans e
Kombis entraram em confronto
com a Polícia Militar no início da
tarde de ontem no campus da Universidade Federal de Goiás, em
Goiânia (GO). O motorista José
Marcos Ferreira da Silva, 36, morreu ao ser atingido por um tiro no
peito.
De acordo com testemunhas, o
tiro foi disparado por um policial
militar, não identificado, à queima-roupa.
A Polícia Militar negou que houvesse disparado contra os manifestantes e que um motorista tivesse
morrido no confronto.
Além dos motoristas de vans e
Kombis, estudantes universitários
também participaram da manifestação pela legalização do transporte alternativo na capital goiana.
De acordo com o vice-reitor da
UFG (Universidade Federal de
Goiás), Paulo Ximenes, a reitoria
da universidade não autorizou a
entrada da PM no campus. "Pelo
contrário, pois a gente já previa
que haveria confronto entre os
PMs e os manifestantes", afirmou
o vice-reitor.
Osmar Rodrigues dos Santos, 45,
desempregado e cunhado de Silva,
disse que os dois trabalhavam com
transporte alternativo havia mais
de dois anos. "Trabalhava como
motorista na van do José Marcos.
Ele também tinha outros dois ônibus de excursão. A gente estava fazendo o transporte dos estudantes
dentro do campus. Os policiais
cercaram o carro dele, tiraram ele
de dentro, chutaram e atiraram no
peito. Ele chegou a ser socorrido,
mas morreu no hospital Santa Genoveva", afirmou Santos.
Os motoristas foram ao campus
universitário na manhã de ontem
tentar obter o apoio dos estudantes. O tumulto, ocorrido no campus 2 da UFG, começou depois que
a perua de Silva foi parada por policiais do Detran e da Superintendência Municipal Trânsito.
"Há cerca de oito meses, esse
grupo de motoristas teve rejeitado
na Assembléia Legislativa do Estado uma proposta de legalização
para a categoria. Eles tentam há
dois anos legalizar sua situação",
afirmou Márcio Fernandes, assessor da Secretaria da Segurança.
Até o início da noite de ontem, o
corpo do motorista era submetido
a autópsia no IML (Instituto Médico Legal) goiano. Representantes
do Ministério Público e da Ordem
dos Advogados do Brasil acompanhavam os exames, que apontariam a causa da morte.
Iniciada no campus da UFG, a
manifestação dos perueiros prosseguiu até a praça Cívica, em frente
à Prefeitura de Goiânia.
De acordo com funcionários, a
sede da prefeitura foi invadida pelos manifestantes. Várias janelas e
portas de vidro foram quebradas.
Portando cassetetes, policiais voltaram a entrar em choque com os
perueiros. Três manifestantes foram presos. A categoria marcou
uma passeata para hoje, no centro
de Goiânia.
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