São Paulo, Quinta-feira, 20 de Maio de 1999
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VIOLÊNCIA
Manifestantes acusam policial militar de ter disparado; prefeitura foi invadida
Perueiro morre durante protesto em GO

ANDRÉA DE LIMA
da Agência Folha

Cerca de 400 motoristas de vans e Kombis entraram em confronto com a Polícia Militar no início da tarde de ontem no campus da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia (GO). O motorista José Marcos Ferreira da Silva, 36, morreu ao ser atingido por um tiro no peito.
De acordo com testemunhas, o tiro foi disparado por um policial militar, não identificado, à queima-roupa.
A Polícia Militar negou que houvesse disparado contra os manifestantes e que um motorista tivesse morrido no confronto.
Além dos motoristas de vans e Kombis, estudantes universitários também participaram da manifestação pela legalização do transporte alternativo na capital goiana.
De acordo com o vice-reitor da UFG (Universidade Federal de Goiás), Paulo Ximenes, a reitoria da universidade não autorizou a entrada da PM no campus. "Pelo contrário, pois a gente já previa que haveria confronto entre os PMs e os manifestantes", afirmou o vice-reitor.
Osmar Rodrigues dos Santos, 45, desempregado e cunhado de Silva, disse que os dois trabalhavam com transporte alternativo havia mais de dois anos. "Trabalhava como motorista na van do José Marcos. Ele também tinha outros dois ônibus de excursão. A gente estava fazendo o transporte dos estudantes dentro do campus. Os policiais cercaram o carro dele, tiraram ele de dentro, chutaram e atiraram no peito. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital Santa Genoveva", afirmou Santos.
Os motoristas foram ao campus universitário na manhã de ontem tentar obter o apoio dos estudantes. O tumulto, ocorrido no campus 2 da UFG, começou depois que a perua de Silva foi parada por policiais do Detran e da Superintendência Municipal Trânsito.
"Há cerca de oito meses, esse grupo de motoristas teve rejeitado na Assembléia Legislativa do Estado uma proposta de legalização para a categoria. Eles tentam há dois anos legalizar sua situação", afirmou Márcio Fernandes, assessor da Secretaria da Segurança.
Até o início da noite de ontem, o corpo do motorista era submetido a autópsia no IML (Instituto Médico Legal) goiano. Representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil acompanhavam os exames, que apontariam a causa da morte.
Iniciada no campus da UFG, a manifestação dos perueiros prosseguiu até a praça Cívica, em frente à Prefeitura de Goiânia.
De acordo com funcionários, a sede da prefeitura foi invadida pelos manifestantes. Várias janelas e portas de vidro foram quebradas. Portando cassetetes, policiais voltaram a entrar em choque com os perueiros. Três manifestantes foram presos. A categoria marcou uma passeata para hoje, no centro de Goiânia.


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