São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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Arma seria usada em plano de fuga, diz juíza

DA SUCURSAL DO RIO

A encomenda de um míssil Stinger pelo grupo de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, está relacionada a um plano de fuga de Bangu 1, presídio fluminense considerado de segurança máxima, avalia a juíza Sônia Maria Garcia Gomes Pinto.
Foi ela quem autorizou as escutas telefônicas e determinou a busca em Bangu. Para ela, o alvo do míssil seria o prédio.
Uma frase de Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, após encomendar o Stinger a seu interlocutor, em uma conversa telefônica gravada pela PF (Polícia Federal), permitiu essa interpretação: "É papo de ir embora, é papo de ir embora", o que sugere um plano de fuga do presídio.
O Stinger é um míssil antiaéreo, capaz de abater um avião de caça voando a velocidades supersônicas. Ele tem um alcance de 5 km e atinge a velocidade de 2.000 km/h.
Um avião de passageiros ou um helicóptero seriam alvos do Stinger, mas não um ponto fixo, como um presídio.

Encomenda
No diálogo captado pela escuta da PF, o interlocutor de Chapolim é um homem que se identifica como Rubinho, de São Paulo. Ele oferece a Chapolim uma central de comunicação de última geração, que "só terrorista do Líbano é que tem". "Nem Jesus Cristo rastreia você", diz o vendedor.
Homem de confiança de Beira-Mar, Chapolim pergunta, então, pelo Stinger. Rubinho não sabe do que se trata e pensa que é uma pessoa. Chapolim insiste e pede que Rubinho pergunte a seus fornecedores sobre o Stinger, "aquele que a Al Qaeda estava usando" [referência ao grupo terrorista de Osama bin Laden].
Rubinho diz então que vai cuidar do caso, mas ainda não sabe do que se trata: "É comunicação também, né?" Chapolim diz que não, que se trata de outra coisa, sem dizer o quê. Só aí Rubinho entende e promete encomendar um a seus supostos contatos no exterior.

Polícia Federal
O diretor da Divisão de Entorpecentes da PF, delegado Getúlio Bezerra, disse ontem que a corporação está investigando a encomenda do míssil Stinger por Chapolim, a mando de Beira-Mar.
Bezerra afirmou que a PF já investigava o interesse de Beira-Mar em comprar a arma quando recebeu uma solicitação do Ministério Público do Estado do Rio para fazer as interceptações telefônicas nas conversas do traficante.
O delegado não revelou detalhes da apuração.
"A quadrilha de Fernandinho Beira-Mar é alvo permanente de investigações. Enquanto ele [Beira-Mar] estiver vivo e continuar no tráfico, vamos acompanhá-lo. Eu só falo de trabalhos concluídos", declarou.



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