São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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TRÁFICO

Pesquisa aponta que 6,9% da população de todas as cidades com mais de 200 mil habitantes já usou maconha e 2,3%, cocaína

Mais de 9 milhões já usaram alguma droga

SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mais de 9 milhões de pessoas no Brasil já utilizaram pelo menos uma vez algum tipo de droga que não seja álcool ou tabaco.
Esse número, que equivale a 19,4% das 47 milhões de pessoas entre 12 e 65 anos nas cidades pesquisadas, foi constatado no primeiro levantamento domiciliar sobre o uso de drogas no Brasil, que ouviu 8.589 pessoas.
A partir disso, a pesquisa, feita pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), conclui que 6,9% da população das cidades pesquisadas (70 milhões de habitantes) já usou maconha e 2,3%, cocaína.
A pesquisa foi feita em todas as 107 cidades com mais de 200 mil habitantes, o que representa pouco mais de 70 milhões de pessoas ou 41,3% da população do país. Foram feitas 8.589 entrevistas. O trabalho de campo foi realizado de setembro a dezembro de 2001. A margem de erro da pesquisa é de cinco pontos percentuais.
A pesquisa custou R$ 900 mil, sendo metade dos gastos custeada pela embaixada americana e o restante pelo governo brasileiro.
Para o ministro Alberto Cardoso (Gabinete Institucional), os dados mostram que o uso de drogas não é tão alarmante, mas que, apesar disso, é preciso continuar a combater o tráfico e a educar os jovens para evitarem as drogas.
Cardoso utilizou como comparação os dados de outros países. Uma pesquisa idêntica realizada nos Estados Unidos constatou que 38,9% dos norte-americanos já utilizaram algum tipo de droga. O uso de maconha, que no Brasil foi inferior a 7%, também foi menor que nos Estados Unidos, com 34,2%, porém, foi superior à Bélgica, com 5,8%.
Segundo o secretário nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchôa, a pesquisa vai orientar as ações da Senad no combate e prevenção ao uso de drogas.
Segundo a pesquisa, 11,2% da população brasileira é dependente de álcool, 9% de tabaco e só 1% de maconha. A prevalência da dependência de cocaína, por ser muito baixa, não foi classificada, mas os responsáveis pela pesquisa disseram que isso não significa que não existam dependentes.
José Carlos Galduróz, um dos pesquisadores, citou pesquisa que contabilizou nos hospitais psiquiátricos brasileiros 2.201 dependentes de cocaína internados.
Álcool e tabaco, drogas consideradas lícitas, lideram o ranking das substâncias mais utilizadas pela população, com 68,7% e 41,1% respectivamente. Depois da maconha, os solventes, os estimulantes de apetite e os calmantes são as drogas mais utilizadas.

Regiões
A região Sudeste registrou o segundo maior uso no Brasil de cocaína e crack, perdendo apenas para a região Sul. Porém, o índice de dependentes de maconha foi o mais baixo do país, 0,7%.
A região Norte registrou o maior uso de merla -subproduto da cocaína-, com 10%, seguido pela Centro-Oeste, com 0,8%.
Na região Nordeste, onde um terço da população já fez uso de algum tipo de droga, há o maior número de dependentes de álcool por região, 16,9%. Os solventes tiveram o maior registro de uso em todo o país, 9,7%.
A região Centro-Oeste registrou um uso expressivo de analgésicos como drogas, 4,2%.



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