UOL


São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2003

Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

O subtenente Alcir Tomazi foi baleado na cabeça anteontem quando fazia a escolta de Sandro Luiz; dois foram detidos

Morre um dos seguranças de filho de Lula

Frâncio de Holanda/Folha Imagem
Os dois suspeitos detidos ontem chegam ao 95º DP, na zona sul de SP


DA REPORTAGEM LOCAL

O subtenente do Exército Alcir José Tomazi, 44, morreu ontem, às 10h05, em decorrência do tiro que levou na cabeça. Ele foi baleado anteontem à noite, juntamente com o cabo Nivaldo Ferreira dos Santos, quando fazia a segurança de Sandro Luiz, 24, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Santo André (SP).
Dois suspeitos foram detidos ontem na favela de Heliópolis (zona sul de São Paulo), mas a polícia não conseguiu elementos que comprovassem seu envolvimento com o crime.
Segundo nota divulgada pelo Hospital Municipal de Santo André, Tomazi teve falência múltipla dos órgãos. O neurocirurgião Dalmo de Souza disse que o subtenente chegou ao hospital em coma profundo.
O projétil disparado pelos supostos assaltantes atingiu o lado direito do cérebro de Tomazi, saindo no lado esquerdo. "A bala atravessou o crânio. O quadro clínico não permitiu que fizéssemos uma limpeza da região, procedimento padrão para casos como esse", disse o médico.
O outro militar, atingido por dois tiros, permaneceu ontem no Hospital do Exército, na capital paulista. Ele não corre risco de morte. O cabo ajudou a fazer o retrato falado de um dos agressores e participou de uma sessão de reconhecimento de um suspeito.
O corpo do subtenente assassinado foi levado ontem para Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde será enterrado hoje. Ele era casado e tinha dois filhos.
Em Washington, para onde Lula viajou, o porta-voz André Singer disse que o presidente vai se encontrar com a família do subtenente assim que for possível, para manifestar sua solidariedade.
O filho de Lula estava anteontem em Santo André visitando a namorada. No momento do crime, ele estava dentro da casa. Os dois seguranças foram abordados por dois homens enquanto esperavam, no carro. Depois de descer, o subtenente foi baleado na cabeça. O cabo correu e foi atingido mais adiante. O carro foi levado e abandonado mais tarde. Sandro Luiz e seu irmão Luiz Cláudio estão em Brasília com a primeira-dama, Marisa. Eles ficarão na cidade até domingo.

Desencontros
Às 16h de ontem, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou, em São Paulo, que o ataque aos seguranças foi uma tentativa de assalto. Segundo ele, uma arma do crime já havia sido encontrada, e as impressões digitais de dois detidos seriam "99%" semelhantes às colhidas no local.
O ministro atribuiu as informações ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho. Consultada pela Folha, a assessoria do secretário disse que houve um mal-entendido, pois os exames ainda não tinham sido concluídos.
Os suspeitos foram detidos na manhã de ontem, depois que a polícia recebeu a denúncia anônima de que um deles, conhecido como Jorge, seria responsável pela morte do segurança.
Jorge foi detido em Heliópolis com um irmão. Perto do local foi achada uma pistola 9 milímetros. Em um reconhecimento "informal", segundo a polícia, Jorge chegou a ser identificado pelo segurança sobrevivente. Depois, porém, o militar disse não ter convicção do reconhecimento.
A polícia pretendia manter os suspeitos detidos até a conclusão de exames que poderão confirmar, ou não, seu envolvimento. O advogado dos dois irmãos, que não quis se identificar, disse que eles são inocentes. Parentes afirmaram que Jorge tem emprego fixo e que seu irmão é estudante. (SIMONE IWASSO, ANDRÉ NICOLETTI E PEDRO DIAS LEITE)


Próximo Texto: Especialista e ministro vêem falha na escolta
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.