|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rede é voltada para estrangeiro, diz PF
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Um relatório da Polícia Federal
do Ceará feito em 2001, mas mantido em sigilo até a semana passada, mostra a rede de prostituição
voltada para estrangeiros atrás do
turismo sexual em Fortaleza.
O relatório feito pela psicóloga e
ex-agente da PF Maria Elismar
Santander deu apoio à CPI do Turismo Sexual, promovida pela Câmara Municipal de Fortaleza no
mesmo ano, e que resultou, na
época, na prisão de 29 pessoas
-a maioria intermediários do turismo sexual, como taxistas.
Maria Elismar passou cinco meses disfarçada e acompanhou desde a chegada de turistas ao aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza, até a procura
por garotas em bares e boates da
praia de Iracema. Ela deixou a PF
há um ano, após 28 anos de carreira. Hoje, atende famílias com
problemas de dependência química em consultório psicológico.
Durante a investigação, a psicóloga afirmou que percebeu que
estrangeiros que conseguiam se
fixar no país, depois de casar e ter
um filho, para ter um visto de permanência, serviam de recepcionistas de turistas no aeroporto,
muitas vezes levando garotas.
Os italianos são a maioria: entre
1999 e 2001, 90 italianos se fixaram
em Fortaleza, segundo dados do
governo do Ceará incluídos no relatório da CPI. Em segundo lugar,
estão os franceses (30).
A grande entrada de estrangeiros é notada com facilidade na
praia de Iracema. Até três anos
atrás, o local, um dos pontos mais
tradicionais de Fortaleza, onde a
cidade nasceu, era tomado por
boêmios, artistas e moradores da
cidade, atrás de música ao vivo.
Hoje, 60% dos bares pertencem
a estrangeiros e servem de ponto
de encontro dos turistas com
prostitutas. Em pelo menos oito
boates que funcionavam anteontem à noite no bairro, a maioria
dos presentes era de turistas estrangeiros do sexo masculino e
prostitutas brasileiras.
O esquema envolve o aluguel de
flats e pousadas -para evitar os
hotéis, alvos de fiscalização-, e
de veículos. Também há a participação de taxistas, que transportam as meninas até os clientes.
Dos sete principais acusados de
serem agenciadores da prostituição infantil em Fortaleza na CPI,
nenhum até agora foi preso.
Texto Anterior: "Tenho um italiano só meu", diz K., 15 Próximo Texto: Panorâmica - Ribeirão: Menina e cantor são mortos em show de rap Índice
|