São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2007

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Servidor pediu dinheiro a advogado suspeito

Funcionário da Subprefeitura da Vila Mariana foi exonerado depois de admitir ter solicitado colaboração para uma festa

Indício aponta que suposto esquema do advogado Jamil Chokr, suspeito de subornar policiais, pode incluir funcionários da prefeitura

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um funcionário da Subprefeitura da Vila Mariana (zona sul de São Paulo) admitiu ter pedido dinheiro no fim do ano passado ao advogado Jamil Chokr, suspeito de chefiar um esquema de pagamento de propina para garantir a proteção policial a máquinas caça-níqueis. O servidor foi exonerado.
É um novo indício de que o esquema de Chokr pode ter incluído também funcionários da prefeitura encarregados de fiscalizar bingos e outros locais que exploram caça-níqueis.
O assistente técnico Wanderley Araújo foi demitido porque, segundo o subprefeito Fábio Lepique, disse ter pedido uma colaboração ao advogado para divulgar uma festa. Araújo, que detinha cargo de confiança, era lotado num órgão de apoio em assistência social.
Além dele, outros dois funcionários foram inquiridos informalmente pelo subprefeito, pois uma agenda telefônica apreendida com Chokr, em investigação pela polícia, faz menção a ""Pref. Wanderley", ""Milton Pref. Vila Mariana" e ""Jorge Pref.".
A Folha repassou os números de telefone à subprefeitura, mas não obteve resposta se, de fato, pertencem aos três.
Em razão dos nomes, Lepique ouviu informalmente o supervisor de fiscalização da Vila Mariana, o engenheiro Jorge Abi Ghosn, e o agente vistor Milton de Oliveira Júnior.
Segundo o subprefeito, Ghosn disse-lhe que muitas pessoas têm seu número, mas afirmou não se lembrar de ter falado com o advogado. Oliveira Júnior disse que pode ter falado com Chokr, em razão das operações de combate ao jogo ilegal na Vila Mariana.
É o segundo caso de funcionário municipal afastado após suspeitas de envolvimento com a máfia dos bingos e caça-níqueis, mas é a primeira vez que Chokr é relacionado a suspeitas de corrupção também na prefeitura. Ele é investigado pela PF por supostamente cooptar agentes federais.
Na sábado, o supervisor de fiscalização da Subprefeitura da Sé, Reginaldo José Frazzon, foi afastado depois que grampos da PF apontaram indícios de pagamento de propina a servidores envolvidos na fiscalização de bingos.
Ontem, a CPI dos Jogos Eletrônicos da Câmara Municipal decidiu convocar o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, e os subprefeitos da Vila Mariana, Fábio Lepique, e de Pinheiros, Milton Nachle.
A descoberta do suposto esquema de Chokr, no dia 25, já levou ao afastamento de 20 policiais suspeitos de receber propina. Cerca de 70% dos distritos policiais e pelo menos 54 policiais são investigados.
A suspeita sobre Chokr, que nega o crime, cresceu após a PF flagrar dois homens -um deles Raimundo Romano, dono de indústria de peças de caça-níqueis- conversando sobre a suposta função do advogado como pagador de propina.


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