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Servidor pediu dinheiro a advogado suspeito
Funcionário da Subprefeitura da Vila Mariana foi exonerado depois de admitir ter solicitado colaboração para uma festa
Indício aponta que suposto esquema do advogado Jamil Chokr, suspeito de subornar policiais, pode incluir funcionários da prefeitura
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um funcionário da Subprefeitura da Vila Mariana (zona
sul de São Paulo) admitiu ter
pedido dinheiro no fim do ano
passado ao advogado Jamil
Chokr, suspeito de chefiar um
esquema de pagamento de propina para garantir a proteção
policial a máquinas caça-níqueis. O servidor foi exonerado.
É um novo indício de que o
esquema de Chokr pode ter incluído também funcionários da
prefeitura encarregados de fiscalizar bingos e outros locais
que exploram caça-níqueis.
O assistente técnico Wanderley Araújo foi demitido porque, segundo o subprefeito Fábio Lepique, disse ter pedido
uma colaboração ao advogado
para divulgar uma festa. Araújo, que detinha cargo de confiança, era lotado num órgão de
apoio em assistência social.
Além dele, outros dois funcionários foram inquiridos informalmente pelo subprefeito,
pois uma agenda telefônica
apreendida com Chokr, em investigação pela polícia, faz
menção a ""Pref. Wanderley",
""Milton Pref. Vila Mariana" e
""Jorge Pref.".
A Folha repassou os números de telefone à subprefeitura,
mas não obteve resposta se, de
fato, pertencem aos três.
Em razão dos nomes, Lepique ouviu informalmente o supervisor de fiscalização da Vila
Mariana, o engenheiro Jorge
Abi Ghosn, e o agente vistor
Milton de Oliveira Júnior.
Segundo o subprefeito,
Ghosn disse-lhe que muitas
pessoas têm seu número, mas
afirmou não se lembrar de ter
falado com o advogado. Oliveira Júnior disse que pode ter falado com Chokr, em razão das
operações de combate ao jogo
ilegal na Vila Mariana.
É o segundo caso de funcionário municipal afastado após
suspeitas de envolvimento
com a máfia dos bingos e caça-níqueis, mas é a primeira vez
que Chokr é relacionado a suspeitas de corrupção também
na prefeitura. Ele é investigado
pela PF por supostamente
cooptar agentes federais.
Na sábado, o supervisor de
fiscalização da Subprefeitura
da Sé, Reginaldo José Frazzon,
foi afastado depois que grampos da PF apontaram indícios
de pagamento de propina a servidores envolvidos na fiscalização de bingos.
Ontem, a CPI dos Jogos Eletrônicos da Câmara Municipal
decidiu convocar o secretário
das Subprefeituras, Andrea
Matarazzo, e os subprefeitos da
Vila Mariana, Fábio Lepique, e
de Pinheiros, Milton Nachle.
A descoberta do suposto esquema de Chokr, no dia 25, já
levou ao afastamento de 20 policiais suspeitos de receber
propina. Cerca de 70% dos distritos policiais e pelo menos 54
policiais são investigados.
A suspeita sobre Chokr, que
nega o crime, cresceu após a PF
flagrar dois homens -um deles
Raimundo Romano, dono de
indústria de peças de caça-níqueis- conversando sobre a
suposta função do advogado
como pagador de propina.
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