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Quadrilha armada impede obra em favela de Itaquera
Funcionários de empresa foram ameaçados; segundo moradores, traficantes não querem pontilhão que irá facilitar acesso ao local
Prefeitura admite que construção não foi iniciada por falta de segurança; polícia diz que investiga ação de traficantes na região
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Homens armados impedem
a construção de um pontilhão
sobre o córrego Pintadinho em
Itaquera (zona leste). A obra
criará uma rota de acesso à avenida Itaquera, principal via da
região. Hoje só é possível transitar a pé ou de bicicleta.
A prefeitura contratou a empreiteira Crisciuma Companhia Comercial Ltda. para fazer
o pontilhão -que ligará as ruas
Senador Georgino Avelino e
Arraial do Bonfim.
Moradores dizem que traficantes que atuam na favela
querem dificultar o acesso ao
local. Segundo esses moradores, há cerca de dez dias engenheiros e técnicos da construtora estiveram no local para
instalar a placa de divulgação e
o canteiro de obras. Foram recebidos por homens armados.
A placa foi retirada pelos mesmos homens e queimada.
Funcionários da Crisciuma
não quiseram dar entrevistas
-pediram que fosse procurada
a prefeitura-, mas confirmaram a abordagem. Afirmaram
que não houve violência ou
ameaça de morte, mas disseram que os homens, com as armas expostas, deixaram claro
que não permitiriam aquela
obra e mandaram que todos
deixassem o local.
A Siurb (Secretaria de Infra-Estrutura Urbana e Obras)
confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a
obra ainda não foi iniciada por
falta de segurança. A pasta evita falar em ação do tráfico.
Na rua Arraial do Bonfim fica
a favela do Pintadinho -referência ao córrego que passa ao
lado. A rua termina em um terreno baldio onde mato, pedras
e entulhos impedem a passagem de carros. Quem chega ao
final da rua de carro -inclusive
carros da polícia e ambulâncias- só tem a opção de manobrar e voltar pelo mesmo local.
A construção do pontilhão,
de três metros de comprimento, permitiria o acesso à avenida Itaquera por meio da Senador Georgino Avelino.
Existia um pontilhão de madeira que, segundo moradores,
foi queimado pelos traficantes
há quatro anos. Outro pontilhão de madeira foi feito, mas
apenas para a passagem de pedestres, bicicletas e motos.
Licitação
O processo de contratação da
obra começou em 2002, mas a
licitação só foi aberta em outubro de 2007. A proposta vencedora da Crisciuma -que tem
sede no Parque Novo Mundo
(zona norte)-, no valor de R$
156.441,28, foi homologada em
janeiro e a ordem de serviço só
foi emitida no mês passado.
A empresa informou à prefeitura que não fará a obra sem
que haja garantia de segurança
para seus funcionários. A Subprefeitura de Itaquera foi acionada para tentar resolver a
questão sem envolver a polícia.
A assessoria da Secretaria da
Segurança Pública disse que o
32º DP (Itaquera) já investiga,
há um mês, a possível ação de
traficantes na favela.
Moradores, que temem se
identificar por medo do tráfico,
reclamam de outros problemas, como a iluminação pública precária e a sujeira no terreno baldio, que também seria
propriedade pública.
Dizem os moradores que os
"nóias" -usuários de drogas
que cometem delitos para
manter o vício- da região
constantemente jogam pedras
nas lâmpadas dos postes para
diminuir a iluminação da rua.
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