São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

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BENEDICTO WALFRIDO MONTEIRO (1924-2008)

Guru das histórias do verde amazônico

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Benedicto Monteiro saiu da prisão em 1964 e quis retratar a "civilização fluvial" em "um grande romance sobre a Amazônia". Mas viu que o tema era vasto como a floresta. Seria preciso ter milhares de páginas. E só uma "Tetralogia Amazônica" daria conta (e deu) do que, para Darcy Ribeiro, é o "espelho melhor que se compôs até hoje para ver a Amazônia".
Em alguns de seus mais de 20 livros afloram "os mil verdes" das histórias de Miguel, personagem, como ele, nascido na Amazônia de Alenquer (PA). Mas Monteiro foi longe, estudou direito no Rio e voltou ao Pará para ser advogado e escritor conhecido.
Foi procurador, elegeu-se deputado estadual e ascendia na carreira, até o golpe de 1964 chegar. Dizia que foi "caçado como animal nas matas de Alenquer", preso e torturado. Tempo em que pariu sua idéia tetralógica.
Livre, foi eleito deputado federal; nomeado o primeiro procurador-geral do Estado; e retomou seus escritos. Com "Verde Vagomundo", inaugurou a prometida série de quatro livros, em enciclopédica tentativa de apreender o homem dos rios.
O último livro, "O Homem Rio - A Saga de Miguel dos Santos Prazeres", foi lançado há três semanas, sem ele, que tratava do câncer. "Queria melhorar para a tarde de autógrafos", diz uma das dez netas (tinha cinco filhos e três bisnetos). Morreu domingo, aos 84, como o "guru reconhecido como o romanceiro da Amazônia".
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