São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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ENNIO PESCE (1932-2009)

Um comentarista de estampa "mastroiânica"

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano em que a Segunda Guerra acabou, Ennio Pesce chegou ao Brasil. Tinha 13 anos e só pisaria novamente na Itália 54 anos depois. Filho de pai militar e mãe brasileira, morou primeiro em Jaú (SP). Nos anos 50, veio a SP e, em 1957, começou a cursar direito na USP. No ano seguinte, arrumou emprego nesta Folha.
Na Redação, ganhou o apelido de Cineasta. "Ele era vaidoso, estava sempre bem-vestido", lembra o filho Marcello, dono de um restaurante italiano na capital. Em crônica de 1978, o amigo e jornalista Lourenço Diaféria descreve Ennio como dono de uma "estampa mastroiânica", em referência ao ator Marcello Mastroianni. Comentarista político, trabalhou, além da Folha, no "Jornal da Tarde", onde tinha uma coluna, e na Globo. Segundo o filho, seu pai foi o primeiro a entrevistar Jânio Quadros após a renúncia.
Passou ainda pela Record e foi secretário de Imprensa do governador Abreu Sodré. Certa vez, ao final de um programa ao vivo, pousou sobre seu terno uma barata. No ar, teve de disfarçar a presença do inseto sobre si.
Em 1999, pela primeira vez, visitou a Itália, e lá encontrou -intacta- a última casa em que viveu durante a guerra. Em 2002, sua mulher, pouco antes de morrer, disse que voltaria para buscá-lo no Dia dos Namorados. Ennio morreu sexta (12), aos 76, de infarto. Teve dois filhos e uma neta. A missa de sétimo dia foi ontem, em SP.

obituario@grupofolha.com.br


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