|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENNIO PESCE (1932-2009)
Um comentarista de estampa "mastroiânica"
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano em que a Segunda
Guerra acabou, Ennio Pesce
chegou ao Brasil. Tinha 13
anos e só pisaria novamente
na Itália 54 anos depois.
Filho de pai militar e mãe
brasileira, morou primeiro
em Jaú (SP). Nos anos 50,
veio a SP e, em 1957, começou a cursar direito na USP.
No ano seguinte, arrumou
emprego nesta Folha. Na Redação, ganhou o
apelido de Cineasta. "Ele era
vaidoso, estava sempre bem-vestido", lembra o filho Marcello, dono de um restaurante italiano na capital.
Em crônica de 1978, o amigo e jornalista Lourenço Diaféria descreve Ennio como
dono de uma "estampa mastroiânica", em referência ao
ator Marcello Mastroianni.
Comentarista político, trabalhou, além da Folha, no
"Jornal da Tarde", onde tinha uma coluna, e na Globo.
Segundo o filho, seu pai foi o
primeiro a entrevistar Jânio
Quadros após a renúncia.
Passou ainda pela Record
e foi secretário de Imprensa
do governador Abreu Sodré.
Certa vez, ao final de um
programa ao vivo, pousou
sobre seu terno uma barata.
No ar, teve de disfarçar a
presença do inseto sobre si.
Em 1999, pela primeira
vez, visitou a Itália, e lá encontrou -intacta- a última
casa em que viveu durante a
guerra. Em 2002, sua mulher, pouco antes de morrer,
disse que voltaria para buscá-lo no Dia dos Namorados.
Ennio morreu sexta (12),
aos 76, de infarto. Teve dois
filhos e uma neta. A missa de
sétimo dia foi ontem, em SP.
obituario@grupofolha.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Maior parte se contaminou na Argentina Índice
|