São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Templo esotérico vira patrimônio cultural de SP

Condephaat declara tombado imóvel na Liberdade que abriga a sede da mais antiga ordem desse tipo no Brasil

Centenário, Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento reúne em meditação coletiva gente de várias crenças

Fotos Daniel Marrenco/Folhapress
Estátua na entrada do templo esotérico tombado na Liberdade, centro de São Paulo

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Nascida da vontade de um operário imigrante português na virada do século 20, estruturada como as tradicionais sociedades secretas e fortalecida por um caldeirão espiritual onde cabem espiritismo, cristianismo, teosofia, filosofia, budismo e hinduísmo, a primeira ordem esotérica do Brasil atravessou o século e manteve seguidores.
O prédio que abriga a ordem, no entanto, resistiu menos ao tempo. A fachada, que ostenta símbolos ocultistas que intrigam os passantes de uma rua secundária do bairro da Liberdade, região central de São Paulo, é sustentada com a ajuda de arames.
Há um mês, veio a boa nova: a Secretaria de Estado da Cultura publicou resolução que tomba, por decisão do Condephaat, o edifício da rua Rodrigo Silva onde está instalado o Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento.
"O tombamento ajuda na esperança de conseguirmos patrocínio", afirma Élcio Lima, representante do círculo.
Os ornamentos tombados incluem estátuas, baixos relevos, quatro atlantes -seres gigantes que, segundo a teosofia, viveram há 18 milhões de anos na Atlântida- e três mísulas (enfeites) com cabeças de mulher, símbolos de fraternidades ocultistas.

CRIAÇÃO
O prédio foi erguido em 1925, mas o círculo foi criado em 1909 por Antonio Olivio Rodrigues, tido como a principal referência da ordem.
Há outros três patronos: o escritor ocultista francês Eliphas Lévi (1810-1875), o líder espiritual americano Prentice Mulford (1834-1891) e o monge e filósofo hindu Swami Vivekananda (1863-1902).
A linha mestra é a força do pensamento em comunhão.
Há rituais de meditação coletiva, em sintonia com centros em todo o país, chamados "tattwas" ou "pontos de luz".
"No plano espiritual, não há distância", diz Lima. O lema da ordem é "Harmonia, Amor, Verdade e Justiça".
Outra questão importante é a da simbologia. O círculo esotérico utiliza símbolos que considera universais, que não pertencem a religiões ou seitas, embora sejam usadas por elas.
Na biblioteca, eles estão em toda a parte, rejuvenescidos por uma reforma feita em 2009, centenário do círculo.
Nos anos 1940, a ordem teve 70 mil filiados, inclusive em outros países. Hoje, tem cerca de 5.000. Na quinta-feira, 16 participavam de uma das reuniões do círculo.
Um deles era o comerciante Vitor Moreira, 55. Católico, já frequentou grupos de gnose e de teosofia, além da Seicho-No-Iê. "Venho pela ânsia de conhecimento do divino que há dentro da gente."

FOLHA.com
Veja mais imagens do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento
http://www.folha.com.br/ct753491


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