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Programa qualifica docente e melhora nota de estudantes
Evolução no desempenho dos alunos ocorreu após empresários adotarem escolas públicas em São Paulo
Resultado só apareceu, porém, quando grupo passou a capacitar professores, em vez de investir só em obras
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
Por anos, empresários que
"adotaram" escolas públicas
em SP gastaram milhares de
reais em reformas de salas de
aula, compras de computadores e obras em quadras. As
notas dos estudantes, porém, seguiam empacadas.
Há três anos, o programa
decidiu mudar. A capacitação dos professores passou a
ter mais destaque, os alunos
tiveram mais recuperações.
O resultado apareceu neste ano. Na avaliação estadual
divulgada em fevereiro, que
considera notas em português e matemática, 90% das
escolas participantes da parceria superaram a meta da
Secretaria da Educação no
Idesp (índice do governo).
"As condições de trabalho
estavam melhores, e as pessoas, mais felizes. Mas o impacto só veio mesmo quando
focamos o pedagógico", afirma Jair Ribeiro, executivo da
CPM Braxis e um dos coordenadores do programa, o Parceiros da Educação.
O pouco impacto da infraestrutura das escolas nas
notas já apareceu em outros
levantamentos. A Folha, por
exemplo, constatou que
CEUs e escolas de lata tinham desempenhos semelhantes na Prefeitura de SP.
PAISAGISMO
Adotada pelo Grupo ABC,
que tem o publicitário Nizan
Guanaes como presidente, a
escola Francisco Brasiliense
Fusco, no Campo Limpo (zona sul de SP), teve o telhado
reformado, o que tirou pombas e ratos dos corredores.
A sala de informática, que
tinha dez computadores antigos, passou a ter 40 modernos. Nizan, que também é colunista da Folha, chamou
profissionais que trabalharam no projeto da sua própria casa para a reforma.
Limpo e com arquitetura
nova, o colégio era um daqueles que não decolavam
nas notas. De 2007 para
2008, o índice da quarta série
recuou. Naquele ano, a formação de docentes se intensificou. E o Idesp subiu 50%.
Como as demais escolas
do programa, ela passa por
avaliações da Fundação Cesgranrio, que apontam exatamente quais são as dificuldades dos professores, o que
motivam cursos específicos.
Em matemática, as maiores demandas nos colégios
são em geometria, operações
e lógica. Em português, produção de textos. "Os professores têm dificuldades básicas", diz Lúcia Fávero, diretora-executiva do projeto.
A atuação nas escolas não
é totalmente pacífica. Segundo profissionais da ONG, alguns professores veem interferência em seu trabalho.
Há 82 escolas "adotadas".
O programa espera chegar a
500, quase 10% da rede. "É
impossível o Estado dar atenção individualizada. Queremos potencializar os recursos públicos", diz Ribeiro,
um dos coordenadores.
Segundo ele, as empresas
participantes -como Pão de
Açúcar, Bradesco e Porto Seguro- não têm benefício financeiro. O gasto anual médio é de R$ 100 mil. E as companhias convivem com dificuldades da rede pública, como falta de professores.
No último dia 27 à tarde,
quando a Folha visitou a escola no Campo Limpo, três
classes estavam sem aula,
por falta de professor.
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