São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Ônibus elétricos são cada vez mais raros

Política ambiental não resulta em investimento no combustível limpo

Projetista de redes elétricas defende a utilização dos ônibus híbridos, menos suscetíveis a panes

DE SÃO PAULO

As políticas ambientais estadual e municipal são claras: na área de transporte, os investimentos devem priorizar combustíveis limpos.
Na prática, o cenário é outro. Os trólebus na capital, que rodam por aqui há 61 anos, entraram num contrafluxo histórico.
No século passado, quando a preocupação com a poluição do ar ainda patinava, eles eram mais presentes do que são hoje.
"Entre 1985 e 1986, por causa do corredor Santo Amaro, chegamos a ter 450 trólebus em São Paulo. Hoje, rodando, são 190. Eles estão renegados", diz Jorge Moraes, presidente da ONG Respira São Paulo e projetista de redes eletrificadas aéreas.
Avenida Paes de Barros e ruas da Aclimação, do Ipiranga e do Pacaembu ainda são frequentadas pelos ônibus elétricos.
Para Moraes, entretanto, existem outros corredores onde os mesmos carros poderiam circular."É o caso da Celso Garcia e do corredor Casa Verde-Centro", diz.
Para o ambientalista, nem mesmo o custo mais alto do trólebus, devido à manutenção das redes elétricas, desaconselha a sua utilização.
"O custo ambiental não costuma ser colocado nos cálculos, o que é um erro. A poluição do ar causa um impacto grande no sistema de saúde", afirma Moraes.

HÍBRIDOS
Apesar de o ônibus elétrico não emitir poluentes como o diesel, a energia elétrica, para a sua geração, chega a poluir o ar. Ela não pode ser considerada 100% limpa.
Sobre os conhecidos problemas dos ônibus elétricos, como as constantes panes que paravam a cidade, o defensor desse tipo de transporte tenta argumentar.
"A tecnologia hoje é diferente. Existem os ônibus híbridos, que funcionam também com geradores. Quando a rede cai, ele pode continuar rodando normalmente", diz.
Para que esses ônibus voltem a dominar as ruas de São Paulo, quatro itens precisam ser considerados.
Manutenção constante dos veículos, da rede aérea e do pavimento e o correto treinamento dos motoristas.
Outra crítica comumente usada contra os ônibus elétricos, a de que eles consomem muita energia, também é relativizada por Moraes.
Pelos cálculos do pesquisador, se a cidade de São Paulo tivesse rodando mil trólebus nos dias de hoje, isso representaria 0,44% de todo o volume de energia ofertada hoje pela Eletropaulo.
O subsidio na tarifa da tração elétrica era de 80% em 1978 e foi, gradativamente, sendo eliminado até 1987, segundo Moraes. "Hoje, ela é sobretaxada em até 39%."
(EDUARDO GERAQUE)

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