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Ônibus elétricos são cada vez mais raros
Política ambiental não resulta em investimento no combustível limpo
Projetista de redes elétricas defende a utilização dos ônibus híbridos, menos suscetíveis a panes
DE SÃO PAULO
As políticas ambientais estadual e municipal são claras: na área de transporte, os
investimentos devem priorizar combustíveis limpos.
Na prática, o cenário é outro. Os trólebus na capital,
que rodam por aqui há 61
anos, entraram num contrafluxo histórico.
No século passado, quando a preocupação com a poluição do ar ainda patinava,
eles eram mais presentes do
que são hoje.
"Entre 1985 e 1986, por
causa do corredor Santo
Amaro, chegamos a ter 450
trólebus em São Paulo. Hoje,
rodando, são 190. Eles estão
renegados", diz Jorge Moraes, presidente da ONG Respira São Paulo e projetista de
redes eletrificadas aéreas.
Avenida Paes de Barros e
ruas da Aclimação, do Ipiranga e do Pacaembu ainda
são frequentadas pelos ônibus elétricos.
Para Moraes, entretanto,
existem outros corredores
onde os mesmos carros poderiam circular."É o caso da
Celso Garcia e do corredor
Casa Verde-Centro", diz.
Para o ambientalista, nem
mesmo o custo mais alto do
trólebus, devido à manutenção das redes elétricas, desaconselha a sua utilização.
"O custo ambiental não
costuma ser colocado nos
cálculos, o que é um erro. A
poluição do ar causa um impacto grande no sistema de
saúde", afirma Moraes.
HÍBRIDOS
Apesar de o ônibus elétrico não emitir poluentes como o diesel, a energia elétrica, para a sua geração, chega
a poluir o ar. Ela não pode ser
considerada 100% limpa.
Sobre os conhecidos problemas dos ônibus elétricos,
como as constantes panes
que paravam a cidade, o defensor desse tipo de transporte tenta argumentar.
"A tecnologia hoje é diferente. Existem os ônibus híbridos, que funcionam também com geradores. Quando
a rede cai, ele pode continuar
rodando normalmente", diz.
Para que esses ônibus voltem a dominar as ruas de São
Paulo, quatro itens precisam
ser considerados.
Manutenção constante
dos veículos, da rede aérea e
do pavimento e o correto treinamento dos motoristas.
Outra crítica comumente
usada contra os ônibus elétricos, a de que eles consomem muita energia, também
é relativizada por Moraes.
Pelos cálculos do pesquisador, se a cidade de São
Paulo tivesse rodando mil
trólebus nos dias de hoje, isso representaria 0,44% de todo o volume de energia ofertada hoje pela Eletropaulo.
O subsidio na tarifa da tração elétrica era de 80% em
1978 e foi, gradativamente,
sendo eliminado até 1987, segundo Moraes. "Hoje, ela é
sobretaxada em até 39%."
(EDUARDO GERAQUE)
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