São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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Assessor especial de Lula faz gesto obsceno ao assistir, na TV, à notícia sobre a TAM

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos principais assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia foi flagrado ontem fazendo um gesto obsceno após assistir à reportagem da Rede Globo sobre o defeito técnico no avião da TAM que explodiu em São Paulo.
No momento em que a reportagem ia ao ar, às 20h17, Garcia -assessor especial para assuntos internacionais da Presidência- fez por três vezes o gesto em que se bate a palma da mão estendida contra a outra mão, fechada.
Ao seu lado, o assessor Bruno Gaspar foi mais efusivo, esticando os dois braços para a frente e depois trazendo os cotovelos em direção ao quadril. A imagem foi transmitida no "Jornal da Globo".
Procurado, Gaspar negou inicialmente que ambos tenham comemorado a notícia, que traz o foco da investigação sobre o acidente para a aeronave e a TAM -conseqüentemente tirando parte da pressão sobre o Planalto.
O governo vem recebendo críticas por ter entregue de forma incompleta a pista de Congonhas, o que pode ser um fator contribuinte à tragédia.
"A gente ficou espantado, como qualquer pessoa", disse. Confrontado com a informação de que há imagens mostrando a reação de ambos, o assessor de Marco Aurélio pediu então "um tempinho".
Quando voltou a falar com a Folha, explicou: "Não aceito dizer que a gente comemorou. Foi um momento de extravasamento com a conclusão de que o acidente pode ter sido mais complexo do que em princípio chegaram a levantar. Foi uma reação de "poxa, tá vendo?"... Porque houve precipitação. Alguns setores tentaram atingir o governo politicamente e nos culpar. Agora está visto que não é bem assim".
A Folha tentou falar com o ministro, mas o assessor afirmou que ele não se pronunciaria sobre o episódio.
Em entrevista ao "Jornal da Globo", porém, Garcia negou que estivesse comemorando o conteúdo da reportagem.
De acordo com o assessor, "as imagens foram tomadas de forma clandestina" e mostram sua "indignação frente a uma determinada versão (...) que creditava ao governo a responsabilidade por um acontecimento dramático".
A imagem foi captada enquanto os dois estavam na sala de Garcia, no terceiro andar do Palácio do Planalto, o mesmo de Luiz Inácio Lula da Silva, assistindo ao noticiário. O câmera de TV que captou a cena estava no térreo do Palácio do Planalto, do lado de fora, e a cortina estava aberta.
O episódio deverá somar-se a outros casos que deixaram o governo federal em situação delicada diante da opinião pública no decorrer da crise.
Há o "relaxa e goza" da ministra Marta Suplicy (Turismo), sobre as agruras dos viajantes nos aeroportos antes de chegar aos destinos, e a afirmação de seu colega Guido Mantega (Fazenda) de que os problemas são decorrência da prosperidade econômica.
Desde terça à noite, assessores do presidente mostram contrariedade com a tese, segundo eles precipitada, de que o acidente foi uma tragédia anunciada. O discurso oficial adotado foi o de que nenhuma hipótese pode ser excluída e que qualquer especulação sobre as causas do acidente com o Airbus seriam "leviandade". (PEDRO DIAS LEITE e LETÍCIA SANDER)


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