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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/VÍTIMAS
Pai viaja antes e vê acidente que matou sua famíliaia
Parentes avisaram Ildecler Ponce de Leão que era o vôo da mulher e do filho
Sob efeito de calmantes, empresário não falou com a imprensa; "quando contei o que aconteceu, ele gritou e desligou", relata cunhado
DA AGÊNCIA FOLHA
Sem lugar para embarcar
com a família no vôo 3054 da
TAM, em Porto Alegre, o empresário e estudante de direito
Ildecler Ponce de Leão, 38, decidiu tomar um avião uma hora
antes rumo a São Paulo.
Morador de Manaus, ele passava férias em Cachoeira do Sul
(RS) com amigos, o filho Levy,
de um ano e oito meses, e a mulher, Jamille Ponce de Leão.
Esperava havia uma hora a chegada deles, no aeroporto de
Congonhas, quando ouviu um
barulho, seguido por um alvoroço no saguão.
Pelo horário, desconfiou que
algo tivesse acontecido com
Levy e Jamille. De dentro do
aeroporto, não conseguia informações sobre o acidente nem
se aquele era o avião que trazia
sua família. Soube que eles estavam mortos por meio de parentes que acompanhavam o
noticiário em Manaus. "Quando contei o que aconteceu, o Ildecler deu um grito e desligou",
disse Mário Hayden Rabelo,
cunhado de Leão.
O empresário passou os últimos dois dias tomando fortes
calmantes. No dia seguinte,
três irmãos, um amigo e uma
cunhada de Leão viajaram a
São Paulo para acompanhá-lo.
"Ele não pára de repetir que
tudo o que queria era estar naquele vôo com eles", disse o irmão Ildervando.
A Folha passou a tarde de
ontem no hotel onde familiares
de vítimas do acidente estão
hospedados, na zona sul de São
Paulo, e conversou com os irmãos de Leão. Sem condições
de conversar, o empresário não
quis dar entrevistas.
"A mulher e o filho eram as
coisas de que ele mais gostava
na vida. Ele viu tudo acontecer,
mas a ficha está caindo só agora, então ele fica sem condições
de falar", afirmou o irmão Ildemberg.
Leão conheceu Jamille pela
internet, há cerca de quatro
anos. Começaram a namorar e
meses depois foram morar juntos. Os irmãos disseram que
Leão queria ter voltado para
Manaus ainda ontem, mas, por
conta da identificação dos corpos no IML (Instituto Médico
Legal), não pôde voltar. Ele diz
que não quer voltar mais a São
Paulo. "Ele viaja para muitos
lugares, mas nunca mais vai
conseguir pousar no aeroporto
onde ele viu tudo acontecer",
afirmou Ildemberg.
(MATHEUS PICHONELLI)
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