São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/VÍTIMAS

Pai viaja antes e vê acidente que matou sua família

ia Parentes avisaram Ildecler Ponce de Leão que era o vôo da mulher e do filho

Sob efeito de calmantes, empresário não falou com a imprensa; "quando contei o que aconteceu, ele gritou e desligou", relata cunhado

DA AGÊNCIA FOLHA

Sem lugar para embarcar com a família no vôo 3054 da TAM, em Porto Alegre, o empresário e estudante de direito Ildecler Ponce de Leão, 38, decidiu tomar um avião uma hora antes rumo a São Paulo.
Morador de Manaus, ele passava férias em Cachoeira do Sul (RS) com amigos, o filho Levy, de um ano e oito meses, e a mulher, Jamille Ponce de Leão. Esperava havia uma hora a chegada deles, no aeroporto de Congonhas, quando ouviu um barulho, seguido por um alvoroço no saguão.
Pelo horário, desconfiou que algo tivesse acontecido com Levy e Jamille. De dentro do aeroporto, não conseguia informações sobre o acidente nem se aquele era o avião que trazia sua família. Soube que eles estavam mortos por meio de parentes que acompanhavam o noticiário em Manaus. "Quando contei o que aconteceu, o Ildecler deu um grito e desligou", disse Mário Hayden Rabelo, cunhado de Leão.
O empresário passou os últimos dois dias tomando fortes calmantes. No dia seguinte, três irmãos, um amigo e uma cunhada de Leão viajaram a São Paulo para acompanhá-lo.
"Ele não pára de repetir que tudo o que queria era estar naquele vôo com eles", disse o irmão Ildervando.
A Folha passou a tarde de ontem no hotel onde familiares de vítimas do acidente estão hospedados, na zona sul de São Paulo, e conversou com os irmãos de Leão. Sem condições de conversar, o empresário não quis dar entrevistas.
"A mulher e o filho eram as coisas de que ele mais gostava na vida. Ele viu tudo acontecer, mas a ficha está caindo só agora, então ele fica sem condições de falar", afirmou o irmão Ildemberg.
Leão conheceu Jamille pela internet, há cerca de quatro anos. Começaram a namorar e meses depois foram morar juntos. Os irmãos disseram que Leão queria ter voltado para Manaus ainda ontem, mas, por conta da identificação dos corpos no IML (Instituto Médico Legal), não pôde voltar. Ele diz que não quer voltar mais a São Paulo. "Ele viaja para muitos lugares, mas nunca mais vai conseguir pousar no aeroporto onde ele viu tudo acontecer", afirmou Ildemberg.
(MATHEUS PICHONELLI)


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