São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economia favorável faz mais crianças viajarem pelo mundo

Desconto para pequenos e opções de pagamento favorecem fenômeno

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA

A estudante Catarina Alvarenga, 8, debutou aos seis meses na França. Seu irmão, Frederico, 11, deu os primeiros passinhos em Londres, aos dez meses. Seth Argar, 8, tinha um ano e seis meses quando embarcou para a Austrália.
"Pisar no imponente Coliseu foi uma das experiências mais fantásticas da minha vida", empolga-se o estudante Pedro Bulhões Cesário. No ano passado, ele esteve na Itália. "Viajei no tempo. Fiquei imaginando como era o Império Romano." Aos 12 anos, Pedro acumula oito países no "currículo".
Os pais dessa nova geração de minipassageiros caíram na estrada no tempo em que ganhar o mundo de mochilas era o "must" da liberdade. Mas aventurar-se em outros países era coisa para depois dos 18 anos.
Economia favorável, dólar em conta, aumento no número de vôos e o barateamento das passagens, sem falar nas facilidades de pagamento, vêm ajudando o brasileiro a romper fronteiras e a garantir mais carimbos no passaporte.
Estas férias de julho são um bom reflexo desse cenário. O número de viajantes neste mês é 10% maior do que em 2007. "É a melhor temporada dos últimos três anos", anima-se Leonel Rossi Júnior, diretor de assuntos internacionais da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens). Cerca de 5 milhões de brasileiros devem ir ao exterior em 2008.
A estudante Sophie Lucas, 9, é uma das que engrossam essa lista. Da Grécia, a menina contou à reportagem que conheceu três amigas francesas numa colônia de férias na Normandia (França), onde fez um curso de hipismo durante as férias.
No caso de Sophie, o gosto por viajar é herança de família. Ela segue os passos dos três irmãos adolescentes, que já estiveram em 25 países, sempre acompanhados pelos pais, os empresários Marcia e Patrick Lucas. Eles passaram a paixão adiante, com descontos, para os filhos. Crianças de até dois anos pagam 10% do valor da passagem viajando no colo em vôos internacionais. Nos nacionais, não pagam. Entre 2 e 12 anos, o desconto é de 25%, mas o viajante-mirim tem direito a assento. Se for doméstico, esse percentual pode chegar a 50%.
Viajar tão cedo é um privilégio. Não só do ponto de vista do aprendizado da cultura e da língua. "O ideal seria que todas as crianças pudessem fazer isso", diz Maria Angela Carneiro, 61, educadora da PUC. Segundo ela, viajar é enriquecedor também para ampliar os conhecimentos que na escola são transmitidos de forma abstrata. "Quem viaja tende a crescer mais observador e tolerante. Lá fora, aprende-se a respeitar tudo o que é do outro. Não apenas o indivíduo, mas a cultura."


Texto Anterior: Tombamento: Cidade se candidata a patrimônio mundial da humanidade
Próximo Texto: Foco: Passageiros cochilam e reclamam de música clássica em trens da CPTM
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.