São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Mesmo com receita maior, Kassab reduz investimentos

Prefeitura gasta 35% a menos em novos projetos do que no 1º semestre de 2008, ano eleitoral

Apesar de estar abaixo do que a prefeitura projetou, arrecadação em 2009 é superior àquela obtida no 1º semestre do ano passado

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM) pôs o pé no freio nos investimentos em São Paulo. No primeiro semestre deste ano, o poder público municipal gastou quase 35% a menos do que no mesmo período de 2008, quando Kassab se preparava para disputar a reeleição.
Foram liberados R$ 590 milhões a menos, valor suficiente para criar mais de 94 mil vagas em creches construídas pela própria administração. A cidade tem um déficit de cerca de 80 mil vagas. Uma das principais promessas da campanha à reeleição do prefeito foi zerá-lo ao fim do segundo mandato.
A redução dos investimentos já vinha sendo anunciada desde o início do ano pela equipe de Kassab, sob o argumento de que é preciso ter cautela por causa da crise econômica.
Os cofres da prefeitura não têm recebido a verba projetada no Orçamento. Mas não estão mais vazios do que em 2008.
No primeiro semestre do ano passado a gestão Kassab teve receita de R$ 10,9 bilhões. Neste primeiro semestre o valor foi de R$ 11,5 bilhões. Mesmo descontada a inflação, a cidade conta com mais recursos agora do que contava há um ano.
Os opositores de Kassab, liderados pelo PT, afirmam que o prefeito "inflou" as projeções de arrecadação no Orçamento de 2009, enviado à Câmara Municipal durante o período eleitoral do ano passado, para aumentar sua lista de promessas de campanha e sinalizar que teria verba para cumpri-las.
Os congelamentos que vêm fazendo no Orçamento -mais R$ 800 milhões foram barrados na terça passada-, são sobre verbas virtuais, que ainda não foram arrecadadas. No caso de a economia se recuperar, os cortes podem ser revertidos.
Na campanha, Kassab enviou um Orçamento de R$ 29,4 bilhões para a Câmara. Depois, com a crise econômica às portas do Brasil, orientou os vereadores governistas a aprovarem um valor menor, de R$ 27,5 bilhões. Agora, com os congelamentos, a equipe do prefeito projeta uma arrecadação de apenas R$ 21,2 bilhões, pouco superior à do ano passado.
Em nota enviada à Folha, a Secretaria de Planejamento, responsável pelo Orçamento, diz que as acusações dos opositores são "firulas": "Quando administrou a cidade, o PT deixou os cofres da prefeitura vazios, dívidas de mais de R$ 3 bilhões e uma fila imensa de credores nas portas da prefeitura".
A ex-prefeita petista Marta Suplicy (2001-2004) nega ter deixado dívidas nesse valor.
A Secretaria do Planejamento justificou a queda de investimentos da seguinte forma: "O menor nível de gastos significa que esta administração está sendo responsável com as contas da prefeitura em uma época de queda de receita em relação à arrecadação prevista".
A pasta não comentou o fato de a receita de 2009, apesar de estar abaixo do projetado, ser superior à do mesmo período no ano passado. A prefeitura mantém hoje quase R$ 4 bilhões aplicados em bancos.


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