|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mesmo com receita maior, Kassab reduz investimentos
Prefeitura gasta 35% a menos em novos projetos do que no 1º semestre de 2008, ano eleitoral
Apesar de estar abaixo do que a prefeitura projetou, arrecadação em 2009 é superior àquela obtida no
1º semestre do ano passado
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão do prefeito Gilberto
Kassab (DEM) pôs o pé no freio
nos investimentos em São Paulo. No primeiro semestre deste
ano, o poder público municipal
gastou quase 35% a menos do
que no mesmo período de
2008, quando Kassab se preparava para disputar a reeleição.
Foram liberados R$ 590 milhões a menos, valor suficiente
para criar mais de 94 mil vagas
em creches construídas pela
própria administração. A cidade tem um déficit de cerca de
80 mil vagas. Uma das principais promessas da campanha à
reeleição do prefeito foi zerá-lo
ao fim do segundo mandato.
A redução dos investimentos
já vinha sendo anunciada desde
o início do ano pela equipe de
Kassab, sob o argumento de
que é preciso ter cautela por
causa da crise econômica.
Os cofres da prefeitura não
têm recebido a verba projetada
no Orçamento. Mas não estão
mais vazios do que em 2008.
No primeiro semestre do ano
passado a gestão Kassab teve
receita de R$ 10,9 bilhões. Neste primeiro semestre o valor foi
de R$ 11,5 bilhões. Mesmo descontada a inflação, a cidade
conta com mais recursos agora
do que contava há um ano.
Os opositores de Kassab, liderados pelo PT, afirmam que o
prefeito "inflou" as projeções
de arrecadação no Orçamento
de 2009, enviado à Câmara
Municipal durante o período
eleitoral do ano passado, para
aumentar sua lista de promessas de campanha e sinalizar que
teria verba para cumpri-las.
Os congelamentos que vêm
fazendo no Orçamento -mais
R$ 800 milhões foram barrados na terça passada-, são sobre verbas virtuais, que ainda
não foram arrecadadas. No caso de a economia se recuperar,
os cortes podem ser revertidos.
Na campanha, Kassab enviou
um Orçamento de R$ 29,4 bilhões para a Câmara. Depois,
com a crise econômica às portas do Brasil, orientou os vereadores governistas a aprovarem
um valor menor, de R$ 27,5 bilhões. Agora, com os congelamentos, a equipe do prefeito
projeta uma arrecadação de
apenas R$ 21,2 bilhões, pouco
superior à do ano passado.
Em nota enviada à Folha, a
Secretaria de Planejamento,
responsável pelo Orçamento,
diz que as acusações dos opositores são "firulas": "Quando
administrou a cidade, o PT deixou os cofres da prefeitura vazios, dívidas de mais de R$ 3 bilhões e uma fila imensa de credores nas portas da prefeitura".
A ex-prefeita petista Marta
Suplicy (2001-2004) nega ter
deixado dívidas nesse valor.
A Secretaria do Planejamento justificou a queda de investimentos da seguinte forma: "O
menor nível de gastos significa
que esta administração está
sendo responsável com as contas da prefeitura em uma época
de queda de receita em relação
à arrecadação prevista".
A pasta não comentou o fato
de a receita de 2009, apesar de
estar abaixo do projetado, ser
superior à do mesmo período
no ano passado. A prefeitura
mantém hoje quase R$ 4 bilhões aplicados em bancos.
Texto Anterior: Bancário é baleado por PMs no Rio Próximo Texto: Zona azul: Praça Charles Miller terá cartão especial Índice
|