São Paulo, terça-feira, 20 de julho de 2010

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Ladrões miram estacionamentos do centro

Como tecnologia de carros novos dificulta furto na rua, bandidos optam por locais onde a chave está disponível

Os roubos são mais frequentes nos finais de tarde; estacionamento é obrigado a ter seguro para ressarcir cliente

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

O manobrista Carlos, que pede para não ter o sobrenome divulgado, já se acostumou a ir à delegacia registrar roubos de carro.
No estacionamento onde trabalha, no centro de São Paulo, já esteve na mira de uma arma por quatro vezes. Nos últimos 12 meses, 15 carros foram levados do local.
Não se trata de um caso isolado. A Folha esteve em 16 estacionamentos da região central da capital paulista e, desses, apenas dois não tinham sido alvo de assaltos.
Segundo a polícia, todos os meses são registrados de quatro a seis assaltos a estacionamentos na região -que concentra a maioria desses estabelecimentos na cidade.
E a tendência é que esse tipo de crime aumente.
Segundo o delegado Aldo Galiano (da 1ª seccional, no centro), as chaves codificadas e com chips de alguns modelos de carros novos fazem com que seja cada vez mais difícil furtar um carro parado na rua.
Por isso, os ladrões optam por roubar estacionamentos, onde é mais fácil conseguir a chave original do automóvel.

RASTREADORES
Rastreadores instalados nos carros têm ajudado na recuperação dos veículos.
Por outro lado, para os investigadores, fica mais difícil chegar até as quadrilhas.
Isso porque os ladrões deixam os carros roubados parados por até três dias em ruas pacatas, geralmente em área nobre, para ver se alguém tenta recuperá-lo.
A advogada Flávia Penido, 41, e o arquiteto Marcos Proença, 38, já foram vítimas de roubos em estacionamentos no centro da cidade.
Ela tinha estacionado seu Cross Fox na avenida Rebouças, numa sexta-feira à noite (os roubos costumam acontecer no final da tarde), e acabou encontrando o automóvel no dia seguinte graças ao rastreador.
O veículo estava em uma rua da Bela Vista, a cerca de 5 km do local do assalto. "Fui do inferno ao céu em 12 horas", diz a advogada. Se o problema não fosse resolvido, o estacionamento -que é obrigado por lei a ter seguro- teria de ressarci-la.
Já o arquiteto não teve tanta sorte, mesmo tendo rastreador em seu Gol.
O carro foi levado em uma quarta-feira do mês de junho, de um estacionamento na República, e ainda não foi encontrado. "Já perdi a esperança. Acho que conseguiram retirar o rastreador", diz.
A ação dos ladrões é parecida. Um homem de óculos escuros se aproxima da guarita como se fosse pedir informações e anuncia o assalto.
Na sequência, outros três ou quatro assaltantes chegam em um carro logo atrás. Pegam as chaves guardadas no estacionamento e levam quantos carros conseguirem.

ALVOS
Os carros preferidos são os de luxo e os que estão mais perto da saída. De um estacionamento na região da Consolação assaltado três vezes, por exemplo, os ladrões já roubaram um Corolla, um Corsa, um Fox, dois Uno, um Tucson e um Gol.
Dinheiro, pouco se leva. "Normalmente, é mixaria. Muita gente paga em cheque ou cartão e o caixa fica vazio", diz um manobrista de estacionamento.


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