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SAÚDE
Jornalista de 21 anos queria perder excesso de peso adquirido na gravidez da filha, que nasceu há quatro meses; conselho vai investigar
Mulher entra em coma após lipoaspiração
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de
Janeiro) anunciou que abrirá sindicância para apurar o que causou o coma de uma jovem de 21
anos que fez uma lipoaspiração
na quinta-feira e desde então está
em estado grave no CTI (Centro
de Tratamento Intensivo) na Policlínica de Botafogo (zona sul).
O cirurgião plástico Ricardo da
Costa Cunha, membro-titular da
Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica, que operou Renata Siqueira Nassif, disse não saber o
que pode ter causado o coma.
Renata se internou na quinta-feira para realizar uma cirurgia de
lipoaspiração no abdômen e nas
costas. Ela queria perder o excesso de peso adquirido na gravidez
de Eduarda, de quatro meses.
Segundo Cunha, a jornalista recebeu uma anestesia geral para
que as costas pudessem ser lipoaspiradas. A seguir, uma anestesia peridural foi aplicada para o
procedimento na barriga. O médico disse que a aplicação de duas
anestesias é necessária para que a
paciente fique o menor tempo
possível sob o efeito da anestesia
geral, que representa um risco
maior do que a peridural.
Após uma hora e dez minutos
de cirurgia, a paciente sofreu uma
hipossistolia (redução dos batimentos cardíacos), o que obrigou
a equipe a interromper a operação. Ela recebeu massagem cardíaca, foi entubada e passou a respirar com a ajuda de aparelhos.
"Esses procedimentos permitiram que os batimentos cardíacos
se normalizassem. Suturamos a
paciente e esperamos que ela
acordasse da cirurgia, o que não
aconteceu." Só então constataram
que ela havia evoluído para um
quadro de coma. "Não sabemos o
que aconteceu. Há dias não consigo dormir, tentando encontrar
uma razão para isso tudo."
O cirurgião contou que está reavaliando todo os procedimentos
cirúrgicos e as informações prestadas pela paciente no relatório ao
qual respondeu antes da cirurgia.
O médico disse que Renata omitiu informações nas consultas.
Uma delas é o fato de a jornalista
ter tido pré-eclâmpsia (picos de
pressão alta) na gestação. Ela também teria dito que não estava
mais amamentando o filho, o que
foi negado pela família. Ele também disse ter sido informado de
que ela fazia uso de medicamentos para emagrecer, o que foi omitido no relatório e negado pela família. "Quando ela me procurou,
disse que não a operaria enquanto
estivesse amamentando. Um mês
depois, ela pediu nova consulta e
afirmou que havia deixado de
amamentar." Os exames pré-operatórios não acusaram nenhuma
anormalidade que pudesse impedir a cirurgia, disse o médico.
O marido de Renata, Eduardo
Nassif, 28, que era contra a cirurgia, disse que a mulher estava obcecada com a idéia de emagrecer,
pois tinha medo de perdê-lo. A família da jornalista também a desaconselhou a fazer a cirurgia.
Para Nassif, o médico foi irresponsável em aceitar a cirurgia.
"Queremos saber se foi fatalidade
ou erro médico. No caso de ter havido erro, vamos à Justiça."
Boletim médico divulgado na
noite de ontem afirma que Renata
sofreu lesão cerebral.
O diretor da clínica, Ricardo Caratta, disse que a Policlínica de
Botafogo não se responsabiliza
pelo caso, pois apenas cedeu o
centro cirúrgico para a cirurgia.
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