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Entidades marcam missa e cobram apuração
LUÍSA BRITO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O ataque a moradores de rua no
centro de São Paulo mobilizou várias entidades ligadas ao combate
da violência e à proteção dos direitos humanos. Entidades religiosas programaram uma celebração multirreligiosa na praça
da Sé, às 15h do próximo domingo, em homenagem às vítimas.
O Ministério Público de São
Paulo designou o promotor Carlos Roberto Marangoni Talarico
para acompanhar as investigações sobre o caso. O crime chamou a atenção também da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República,
em Brasília, que já abriu procedimento para monitorar o andamento do inquérito.
De acordo com o chefe da ouvidoria da secretaria, Pedro Montenegro, o governo federal está
atento ao caso porque "a dignidade da pessoa humana é um fundamento da República".
Montenegro colocou toda a estrutura do órgão, incluindo o programa de proteção a testemunhas, à disposição das autoridades paulistas. Ele reforçou ainda a
necessidade de se identificar os
autores do crime como uma forma de impedir que o ato "se alastre a toda a sociedade".
A OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) também anunciou que irá acompanhar as investigações policiais. O vice-presidente da Comissão de Direitos
Humanos da entidade, Hédio Silva Júnior, pretende começar a ouvir as vítimas que estão hospitalizadas hoje. Ele também deve visitar o delegado designado para
apurar o crime, Luiz Fernando
Lopes Teixeira.
Em comunicado à imprensa, o
presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D'Urso, nominou o
episódio de "marco da barbárie" e
afirmou repudiar o que classificou de "violência inominável".
O padre Julio Lancellotti, da
Pastoral do Povo de Rua, afirmou
que a instituição vai agir em conjunto com o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa) para descobrir o que
aconteceu na noite do crime e encontrar os culpados.
Para Camila Giorgetti, doutora
em sociologia pelo Instituto de
Estudos Políticos de Paris (França) e pela PUC-SP, há uma tendência higienista da população de
São Paulo em relação aos mendigos. "Algumas pessoas ligam os
moradores de rua à idéia de vagabundo, parasita e bêbado."
Segundo a pesquisadora, que
estudou o assunto durante cinco
anos em sua tese de doutorado, o
poder público deve investir em
uma política social para combater
esse preconceito.
Na opinião do cientista político
e secretário-executivo da ONG
Instituto São Paulo contra a Violência Paulo de Mesquita, o assassinato dos moradores de rua foi
uma arbitrariedade e grande violação aos direitos humanos. Mesquita pede que informações que
possam ajudar nas investigações
sejam passadas ao Disque-Denúncia, serviço gratuito pelo telefone 0800-156315. "É necessário
descobrir os culpados e puni-los."
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