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Indústria mantém investimentos,
mas número de empregos encolhe
DA REPORTAGEM LOCAL
O retrato da atividade econômica em São Paulo mostra um contraste entre a indústria e o ramo
de serviços. Enquanto o setor industrial enxuga vagas, a despeito
de investimentos realizados, as
empresas de serviços ampliam a
criação de empregos.
Dos seis principais segmentos
de serviços que investiram de
1996 até 2001, em cinco houve geração de empregos. Na indústria,
entretanto, ocorreu efeito inverso.
Em todos os setores industriais
nos quais houve investimento, o
volume de mão-de-obra encolheu. A compilação de dados foi
feita pela Fundação Seade.
O saldo de empregados no ramo industrial, também entre 1996
e 2001, mostrou que 272.254 empregos desapareceram. Em serviços, 118.199 vagas foram criadas.
A retração gradual de vagas na
indústria é refletida na participação do setor no número de pessoas ocupadas no município. Entre 1996 e 2001, a fatia de pessoas
que trabalham na indústria passou de 23% para 16%. No mesmo
período, em serviços, esse percentual subiu de 35% para 40%.
Depois de uma seqüência de
anos com investimentos magros,
em 2003 as indústrias da cidade
anunciaram investimentos de R$
3,4 milhões, um valor que representa um incremento de 72,6%
em relação ao ano anterior.
Porém o aumento de investimentos, que poderia soar como
uma boa notícia, não deve amenizar o enxugamento de vagas. "A
princípio, parece que mesmo com
mais investimentos a indústria
não vai gerar mais empregos",
afirmou Vagner Bessa, do Seade.
Bessa faz a ressalva de que os investimentos levantados pela pesquisa são anúncios divulgados
pelas empresas ou pela imprensa.
Na avaliação de Júlio de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), a perda de relevância
do papel da indústria na cidade é
"um processo inevitável".
"Em São Paulo, os investimentos na indústria geraram modernização e isso desempregou muitas pessoas", diz. Segundo o economista, para conseguir impulsionar a geração de empregos industriais no município, o volume
de investimentos teria que ser
muito superior ao patamar atual.
Já no setor de serviços, as taxas
de recursos aplicados no segmento se refletem diretamente na
abertura de vagas. Em 2003, as
empresas do setor pesquisadas
pelo Seade anunciaram a expectativa de investir R$ 21,8 milhões.
"Mesmo com um ano ruim em
2003, não deixamos de empregar.
Cada uma das nossas lojas gera,
em média, dez empregos diretos e
três indiretos. Ainda neste ano,
devemos inaugurar mais quatro
unidades na cidade", disse Nelcindo Nascimento, presidente da
rede de franquias 5àSec no Brasil.
Segundo a empresa, em dez
anos de atividade no Brasil, as
unidades criaram cerca de 2.000
empregos diretos e indiretos.
Mas o entusiasmo com o setor
de serviços, diz o diretor do Iedi,
deve ser comedido. Para Gomes,
os segmentos que têm criado vagas e investido são aqueles com
menor valor agregado, como limpeza e terceirização de serviços de
segurança.
(CÍNTIA CARDOSO)
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