São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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Indústria mantém investimentos, mas número de empregos encolhe

DA REPORTAGEM LOCAL

O retrato da atividade econômica em São Paulo mostra um contraste entre a indústria e o ramo de serviços. Enquanto o setor industrial enxuga vagas, a despeito de investimentos realizados, as empresas de serviços ampliam a criação de empregos.
Dos seis principais segmentos de serviços que investiram de 1996 até 2001, em cinco houve geração de empregos. Na indústria, entretanto, ocorreu efeito inverso. Em todos os setores industriais nos quais houve investimento, o volume de mão-de-obra encolheu. A compilação de dados foi feita pela Fundação Seade.
O saldo de empregados no ramo industrial, também entre 1996 e 2001, mostrou que 272.254 empregos desapareceram. Em serviços, 118.199 vagas foram criadas.
A retração gradual de vagas na indústria é refletida na participação do setor no número de pessoas ocupadas no município. Entre 1996 e 2001, a fatia de pessoas que trabalham na indústria passou de 23% para 16%. No mesmo período, em serviços, esse percentual subiu de 35% para 40%.
Depois de uma seqüência de anos com investimentos magros, em 2003 as indústrias da cidade anunciaram investimentos de R$ 3,4 milhões, um valor que representa um incremento de 72,6% em relação ao ano anterior.
Porém o aumento de investimentos, que poderia soar como uma boa notícia, não deve amenizar o enxugamento de vagas. "A princípio, parece que mesmo com mais investimentos a indústria não vai gerar mais empregos", afirmou Vagner Bessa, do Seade. Bessa faz a ressalva de que os investimentos levantados pela pesquisa são anúncios divulgados pelas empresas ou pela imprensa.
Na avaliação de Júlio de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a perda de relevância do papel da indústria na cidade é "um processo inevitável".
"Em São Paulo, os investimentos na indústria geraram modernização e isso desempregou muitas pessoas", diz. Segundo o economista, para conseguir impulsionar a geração de empregos industriais no município, o volume de investimentos teria que ser muito superior ao patamar atual.
Já no setor de serviços, as taxas de recursos aplicados no segmento se refletem diretamente na abertura de vagas. Em 2003, as empresas do setor pesquisadas pelo Seade anunciaram a expectativa de investir R$ 21,8 milhões.
"Mesmo com um ano ruim em 2003, não deixamos de empregar. Cada uma das nossas lojas gera, em média, dez empregos diretos e três indiretos. Ainda neste ano, devemos inaugurar mais quatro unidades na cidade", disse Nelcindo Nascimento, presidente da rede de franquias 5àSec no Brasil.
Segundo a empresa, em dez anos de atividade no Brasil, as unidades criaram cerca de 2.000 empregos diretos e indiretos.
Mas o entusiasmo com o setor de serviços, diz o diretor do Iedi, deve ser comedido. Para Gomes, os segmentos que têm criado vagas e investido são aqueles com menor valor agregado, como limpeza e terceirização de serviços de segurança. (CÍNTIA CARDOSO)


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