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Registro médico de Abdelmassih é suspenso
Decisão do conselho regional de medicina vale até que o médico, preso na segunda, seja julgado pelo órgão; prazo é de até 6 meses
O desembargador José Raul Gavião de Almeida, do Tribunal de Justiça, negou ontem o pedido de habeas corpus para o médico
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de
São Paulo) decidiu suspender o
registro profissional do médico
Roger Abdelmassih, preso desde a última segunda-feira em
São Paulo sob acusação de cometer crimes sexuais contra
pacientes e uma funcionária.
Abdelmassih, 65, está proibido de exercer a medicina até
que seu caso seja julgado pelos
médicos conselheiros do Cremesp. O julgamento precisa
ocorrer em até seis meses.
Na hipótese de ser considerado culpado pelo Cremesp, ele
pode receber uma pena que vai
de uma advertência confidencial ou uma censura publicada
em jornal até uma medida extrema, com a perda definitiva
da licença de médico.
Em qualquer caso, cabe recurso ao CFM (Conselho Federal de Medicina) e à Justiça.
A interdição cautelar -como
a suspensão do registro é chamada pelas normas do código
de ética da profissão- também
é passível de recurso.
O advogado José Luis Oliveira Lima, um dos defensores de
Abdelmassih, disse que vai recorrer da suspensão do registro
pelo Cremesp, apesar de dizer
que seu cliente decidiu se afastar da medicina. "Vai recorrer
por questão de princípios",
afirmou o advogado.
Procurado pela Folha, o Cremesp disse que não poderia se
manifestar sobre o assunto.
Habeas corpus
Ontem também foi anunciado que o pedido de liberdade
apresentado pelos advogados
do médico foi negado pelo desembargador José Raul Gavião
de Almeida, do Tribunal de
Justiça de São Paulo.
A defesa anunciou que irá recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Em sua decisão, liminar (o
mérito será julgado futuramente), o desembargador Almeida
disse que o juiz Bruno Paes
Straforini, da 9ª Vara Criminal,
mandou prender o médico
após analisar a "periculosidade
do réu concretamente".
Segundo o desembargador,
foram considerados a quantidade de crimes denunciados
(56), há quanto tempo o médico supostamente praticava os
crimes, como os praticava (às
vezes com ajuda de sedativos) e
onde ocorriam (na própria clínica de fertilização artificial).
Para tentar libertar Abdelmassih, a defesa alegou no pedido que a prisão foi transformada em "espetáculo circense"
e que denúncia semelhante feita pelo Ministério Público já tinha sido rejeitada pela Justiça
anteriormente. Disse também
que o médico, em liberdade,
não coloca em risco outras pessoas ou a investigação.
Abdelmassih nega todas as
acusações. Os advogados classificam como fantasiosas as denúncias apresentadas, fruto da
"criatividade" dos responsáveis
pela investigação.
O Ministério Público não comenta o assunto. Informalmente, os promotores afirmam
considerar o caso o "maior ataque sexual da história do país".
Prisão
Abdelmassih foi preso na última segunda quando chegava à
sua clínica no Jardim América
(zona oeste de SP). Ele é considerado um dos mais famosos
especialistas em reprodução
assistida do país e cobrava até
R$ 200 mil por um tratamento,
segundo a Promotoria.
A investigação começou no
ano passado, após uma ex-funcionária procurar a Promotoria
para relatar que foi atacada pelo médico, que tentou beijá-la.
Após a divulgação do caso pela Folha em janeiro, outras
mulheres procuraram o Ministério Público para relatar supostas agressões. Ao todo, a denúncia enviada à Justiça aponta 39 mulheres. Algumas relataram mais de um crime e, por
isso, há 56 acusações.
O médico foi levado para a
carceragem do 40º DP (Vila
Santa Maria). A prisão preventiva, decretada pela Justiça,
não tem prazo fixo. Por isso,
deve durar até um eventual julgamento. Não há previsão de
transferência do médico para
uma penitenciária.
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