São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Mortes sobem em Estados onde verba de segurança caiu

Taxa de homicídios dolosos (com intenção) subiu em GO, ES, RS, PI e SC, que cortaram gastos no setor em 2008

Em SC, corte chegou a 83,43%; cientista social diz que, pela primeira vez, é possível constatar a relação entre os dois fenômenos

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os cinco Estados brasileiros que cortaram gastos na área de segurança pública registraram um aumento na taxa de homicídios dolosos (quando há a intenção de matar) no ano passado em comparação com 2007.
Os que reduziram suas despesas nessa área no período foram: Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás, Piauí e Santa Catarina. Os cortes chegaram a 83,43%, no caso de Santa Catarina, que explica essa redução por ter excluído de suas estatísticas o pagamento de salários de funcionários e encargos.
O aumento na taxa de homicídio variou de 2,7% a 22,5% nesses cinco Estados. Os dados são do terceiro Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública, divulgado ontem.
As reduções nos Orçamentos aconteceram em um ano em que o setor de segurança pública enfrentou paralisações de policiais, crise financeira e aumento da criminalidade em ao menos 16 Estados.
Para a cientista social Silvia Ramos, da Universidade Candido Mendes (RJ), o anuário mostra que há uma relação direta entre investimento por parte de governos e o aumento de mortes. "Até então, não tínhamos dado como certo essa correlação entre os gastos com segurança pública e a quantidade de mortes. Agora, com esses números, é possível afirmar que há, sim, essa relação."
A Folha procurou os Estados na final da tarde de ontem, mas não conseguiu obter explicação para a redução dos gastos em contraposição ao aumento das taxas de homicídio. RS e ES não responderam ao pedido do jornal; nos demais, ninguém atendeu às ligações.
Segundo o levantamento, 16 Estados registraram redução do comprometimento de seu Orçamento em segurança pública. Os cinco que cortaram verbas estão nesse grupo, assim como São Paulo, que reduziu o índice de 7,9% para 7,4%.
Por outro lado, há locais em que mesmo com um aumento dos investimentos na área as mortes crescerem. Foi o caso do Distrito Federal, que aumentou seu Orçamento em 80%, mas teve 9,8% mais homicídios entre 2007 e 2008.


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