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Mortes sobem em Estados onde verba de segurança caiu
Taxa de homicídios dolosos (com intenção) subiu em GO, ES, RS, PI e SC, que cortaram gastos no setor em 2008
Em SC, corte chegou a 83,43%; cientista social diz que, pela primeira vez, é possível constatar a relação entre os dois fenômenos
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cinco Estados brasileiros
que cortaram gastos na área de
segurança pública registraram
um aumento na taxa de homicídios dolosos (quando há a intenção de matar) no ano passado em comparação com 2007.
Os que reduziram suas despesas nessa área no período foram: Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás, Piauí e Santa
Catarina. Os cortes chegaram a
83,43%, no caso de Santa Catarina, que explica essa redução
por ter excluído de suas estatísticas o pagamento de salários
de funcionários e encargos.
O aumento na taxa de homicídio variou de 2,7% a 22,5%
nesses cinco Estados. Os dados
são do terceiro Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança
Pública, divulgado ontem.
As reduções nos Orçamentos
aconteceram em um ano em
que o setor de segurança pública enfrentou paralisações de
policiais, crise financeira e aumento da criminalidade em ao
menos 16 Estados.
Para a cientista social Silvia
Ramos, da Universidade Candido Mendes (RJ), o anuário
mostra que há uma relação direta entre investimento por
parte de governos e o aumento
de mortes. "Até então, não tínhamos dado como certo essa
correlação entre os gastos com
segurança pública e a quantidade de mortes. Agora, com esses
números, é possível afirmar
que há, sim, essa relação."
A Folha procurou os Estados
na final da tarde de ontem, mas
não conseguiu obter explicação
para a redução dos gastos em
contraposição ao aumento das
taxas de homicídio. RS e ES
não responderam ao pedido do
jornal; nos demais, ninguém
atendeu às ligações.
Segundo o levantamento, 16
Estados registraram redução
do comprometimento de seu
Orçamento em segurança pública. Os cinco que cortaram
verbas estão nesse grupo, assim como São Paulo, que reduziu o índice de 7,9% para 7,4%.
Por outro lado, há locais em
que mesmo com um aumento
dos investimentos na área as
mortes crescerem. Foi o caso
do Distrito Federal, que aumentou seu Orçamento em
80%, mas teve 9,8% mais homicídios entre 2007 e 2008.
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