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Indústria diz mirar só o público adulto
Souza Cruz e Philip Morris afirmam respeitar o perfil do produto, proibido para menores de 18 anos no Brasil
Pesquisa Datafolha
também constatou que
ponto de venda próximo
a escolas recebe mais
incentivo das fábricas
DE SÃO PAULO
Líder do mercado brasileiro, com 250 mil pontos de
venda em todo o país, a Souza Cruz diz que "cumpre rigorosamente a lei federal que
trata da publicidade de produtos fumígenos, restringindo-a a pôsteres, painéis e cartazes na parte interna dos
pontos de venda".
"Da mesma forma, todos
os materiais de publicidade
são dirigidos aos adultos fumantes de nossas marcas e
da concorrência, bem como
trazem as frases e imagens de
advertência definidas pela
legislação vigente", afirma.
"Definitivamente, o negócio da empresa não é persuadir pessoas a fumar, mas oferecer produtos de qualidade
para adultos que livremente
decidiram fumar", completa
a Souza Cruz em nota.
A fabricante Philip Morris
afirma que menores de idade
não devem fumar.
"Todas as nossas práticas
comerciais estão de acordo
não somente com a legislação, mas também com nossos padrões e códigos internos de conduta, criados para
limitar a exposição de menores aos produtos de tabaco".
INCENTIVO À VENDA
Pesquisa Datafolha constatou que o número de pontos de venda de São Paulo
que dizem receber incentivos
da indústria tabagista também é maior quando há escolas nas redondezas.
Os lojistas afirmam ganhar
mais benefícios (como descontos) para colocar marcas
novas de cigarros em local de
maior visibilidade e dar treinamento ao vendedores.
"Nunca percebi que é mais
fácil comprar o cigarro perto
da escola. Comecei a fumar
há dois anos por influência
dos amigos do grupo", diz
Marcos Fernando, 18, aluno
de uma escola pública na região da avenida Paulista.
"A primeira coisa que a indústria pensa é em repor a
clientela porque sabe que
muitos fumantes vão morrer", afirma Stella Martins,
médica do Cratod especialista em dependência química.
"O cigarro é misturado à
diversão da crianças, que são
os doces. No caixa, elas têm a
sensação de que aquilo é tão
bom quanto o chocolate", diz
a publicitária Regina Blessa,
especialista em merchandising de pontos de venda.
"Isso gera um contingente
enorme de novos fumantes",
diz Jussara Fiterman, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia.
(VQG)
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