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Fumaça e buracos transformam estradas do PA em roleta-russa
Com queimadas, visibilidade dos motoristas não chega a
20 m
RODRIGO VARGAS
ENVIADO ESPECIAL A MARABÁ (PA)
A combinação da fumaça
das queimadas com rodovias
em péssimo estado transforma em roleta-russa os trajetos de carro pelo sul do Pará.
Em uma viagem de oito
horas ao longo dos 510 quilômetros que separam as cidades paraenses de São Félix
do Xingu e Marabá, a reportagem da Folha vivenciou
ontem esta situação.
Por dezenas de quilômetros nas rodovias estaduais
PA-279 e PA-150, em trechos
inteiramente cobertos pela
fumaça, a visibilidade não
chega a 20 metros adiante.
Caminhões surgem a todo
momento em meio à névoa.
Muitos deles vêm na contramão, em manobras para desviar dos sucessivos buracos.
A velocidade máxima possível é de 40 km/h.
No início da manhã, no
distrito de Carapanã (50 km a
partir de São Félix), uma densa névoa cobre a fachada das
casas e grupos de crianças
"desaparecem" na fumaça, a
caminho da escola. Em um
trecho, é preciso desviar de
cavalos dentro da pista.
Desde junho, o motorista
profissional Jeias Alves da
Silva, 44, conta que percorreu o trajeto até Marabá (que
fica a 570 km de Belém) ao
menos oito vezes. Em agosto,
segundo ele, o trabalho se
tornou mais perigoso.
"Em alguns trechos, quando há fogo e fumaça na beira
da pista, eu fico até agoniado. Para piorar, alguns pontos, o asfalto acaba e vem a
poeira", disse.
A partir de Ourilândia do
Norte, a condição da rodovia
se deteriora e os caminhões
seguem adiante em ziguezague. Tentativas de ultrapassagem, nestas condições, são
sempre arriscadas.
Procurado para comentar
o assunto, o governo do Estado não respondeu aos questionamentos da reportagem
até a noite de ontem.
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