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Dez anos após crime, assassino de jornalista continua solto
Pimenta Neves confessou morte, mas aguarda em liberdade recurso no STF
DE SÃO PAULO
Hoje faz dez anos que a jornalista Sandra Gomide foi assassinada pelo jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves,
73, seu ex-namorado. Pimenta matou Sandra com dois tiros pelas costas no dia 20 de
agosto de 2000 e confessou o
crime quatro dias depois.
Condenado por um júri popular a 19 anos de prisão em
maio de 2006, Pimenta teve a
pena reduzida para 15 anos e
conseguiu continuar solto
apresentando sucessivos recursos a tribunais superiores.
O caso hoje está nas mãos
do ministro Celso de Mello,
do STF (Supremo Tribunal
Federal). Os advogados de
Pimenta querem que o julgamento seja anulado por
questões formais. O pedido
foi rejeitado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e
eles recorreram ao Supremo.
A defesa alega que a formulação dos quesitos induziu a resposta dos jurados. A
advogada Maria José da Costa Ferreira cita como exemplo disso o não reconhecimento da confissão do crime.
"O réu que confessa um
crime é beneficiado, inclusive com a redução da pena. E
um dos quesitos que foram
indagados ao júri era esse. E
eles disseram que não havia
nenhuma atenuante. Isso é
reconhecido até mesmo pela
imprensa, que noticia a todo
momento que ele confessou
o crime", disse ela.
Na época do crime, Pimenta era diretor de redação do
jornal "O Estado de S. Paulo",
onde Sandra trabalhou como
repórter e editora até ser demitida por ele, um mês antes
do assassinato. Ela tinha 32
anos quando foi morta.
Pimenta ficou preso em caráter preventivo por cerca de
sete meses logo após o crime.
Foi solto por habeas corpus
concedido pelo STF. Vive recluso em sua casa em São
Paulo e não dá entrevistas.
O Tribunal de Justiça de
São Paulo confirmou a sentença que condenou o jornalista em primeira instância e
mandou prendê-lo no fim de
2006, mas Pimenta recorreu.
Embora o jornalista seja
réu confesso, a ministra do
STJ Maria Thereza de Assis
Moura revogou a ordem de
prisão invocando o princípio
que presume a inocência de
toda pessoa que não tiver sofrido condenação definitiva.
FAMÍLIA
O advogado Sergei Cobra
Arbex, que representa a família de Sandra, pediu ao ministro Celso de Mello que
examine o caso rapidamente
por causa da idade avançada
dos pais da jornalista, que
têm mais de 70 anos.
Segundo o advogado, o
pai e a mãe da jornalista,
João e Leonilda Gomide, estão muito doentes, vivem à
base de antidepressivos e enfrentam sérias dificuldades
financeiras. A mãe chegou a
ficar internada por um ano
por conta da depressão.
"A morosidade dos tribunais nesse caso é revoltante",
afirmou o advogado Arbex.
Os pais de Sandra também
pedem na Justiça indenização de R$ 300 mil por danos
morais. Um juiz de São Paulo
mandou Pimenta pagar R$
166 mil, mas as duas partes
recorreram.
O jornalista quer que a
sentença seja revogada e os
pais de Sandra querem ampliar o valor da indenização.
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