São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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CASO TIM LOPES

Traficante, que afirma ser pintor de carros, disse que soube do crime pelos jornais e que não conhece os outros acusados

Maluco nega participação em assassinato

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Preso ontem de manhã, o traficante Elias Maluco, descalço e sem camisa, é apresentado pela polícia


SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

Descalço e sem camisa, o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, prestou depoimento ontem ao 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro no processo da morte do jornalista Tim Lopes. Ele negou envolvimento no assassinato.
Ele disse que não conhecia Lopes e que só soube do crime pelos jornais. No depoimento de 30 minutos, ele afirmou que estava fora do Rio no dia da morte, mas não quis informar onde estaria.
Ele também negou conhecer os outros oito acusados de ter participado da morte do jornalista. Sobre seu envolvimento com o tráfico de drogas, Maluco respondeu que não pertence a nenhuma quadrilha e que nunca foi traficante.
Ao ser questionado pelo juiz Alexandre Abraão sobre qual era a sua profissão, ele respondeu ser pintor de carros. Disse estar desempregado há sete meses e que sobrevive "fazendo biscates". Mais uma vez, não respondeu para quem teria prestado serviços.
Questionado sobre o motivo de não ter se apresentado à polícia quando foi apontado como mandante do assassinato, ele culpou a imprensa: "Não iria adiantar nada. A imprensa me rotulou como o responsável por essa tragédia. Quem iria acreditar em mim?".
O traficante contou ter nascido em Recife e que mora na favela de Vigário Geral (zona norte). Por esse motivo, não saberia informar sobre a existência de bailes funk com shows eróticos de menores e venda de drogas no Alemão -denúncia que estava sendo investigada por Tim Lopes.
De acordo com Elias Maluco, ele estava no complexo do Alemão no momento da prisão porque tinha ido visitar a namorada, cujo nome não quis dizer.
Apesar de ter dito que não sofreu agressão por parte dos policiais ontem, o advogado Paulo Cuzzuol pediu a interrupção do depoimento para que o cliente fosse submetido a exame de corpo de delito.
Antes de deixar o fórum, Maluco foi ouvido em outros dois processos: um por tentativa de homicídio contra quatro policiais civis e um militar, em janeiro de 2001, no Alemão, e outro por associação para o tráfico, do mesmo ano.
Maluco saiu do tribunal sob os gritos de "assassino" de pessoas que estavam do lado de fora do prédio. Ele foi escoltado por policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) até o IML (Instituto Médico Legal), onde permaneceu por cerca de 15 minutos. De lá seguiu para o Batalhão de Choque.
O juiz marcou para segunda-feira a audiência com os advogados de defesa dos acusados pela morte de Lopes e as testemunhas de acusação do caso.


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