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MASSACRE NO CENTRO
Ato lembra ataques a moradores de rua
Secretaria de Direitos Humanos quer investigar segurança privada
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Especial de Direitos
Humanos da Presidência da República anunciou ontem que o
ministro Nilmário Miranda fará
um pedido formal à Polícia Federal para que abra um inquérito
para investigar a segurança clandestina em São Paulo.
A questão, segundo o chefe da
ouvidoria da Secretaria Especial
de Direitos Humanos, Paulo
Montenegro, foi levantada pelas
investigações do massacre de moradores de rua. Foram presos três
seguranças clandestinos da região
-dois deles, PMs-, suspeitos de
serem autores dos ataques.
"Como as investigações hoje
apontam para a existência de um
comércio de segurança ilegal,
clandestino e privado na cidade,
vamos pedir à Polícia Federal
-que tem a competência legal
para investigar segurança privada- que apure o esquema", disse
ontem Montenegro em ato pela
paz realizado na praça da Sé (centro). A manifestação marcou o
aniversário de um mês do início
dos ataques, que deixaram saldo
de sete mortos e oito feridos.
Montenegro revelou que a própria Polícia Federal não abriu o
inquérito por conta própria porque "talvez não tenha os elementos que a secretaria reuniu entre
dados do Ministério Público e da
investigação da Polícia Civil".
"Nós não vamos esmorecer.
Não vamos deixar isso cair no esquecimento", disse o padre Julio
Lancellotti, da Pastoral do Povo
da Rua. "As investigações começaram a mostrar um caminho.
Mas isso ainda não basta."
"Precisamos chegar à raiz do
problema: o crime organizado e a
segurança clandestina, que contam com agentes da segurança do
Estado. Não são dois ou quatro."
O ato reuniu cerca de 300 pessoas, segundo a PM, entre moradores de rua e representantes de
organizações não-governamentais e entidades de defesa dos direitos humanos, e teve início com
a encenação da peça "Gandhi" pelo ator João Signorelli.
Segundo Lancellotti, a moradora de rua S.S.M., agredida a pauladas no dia 21 -véspera da segunda onda de ataques- por um dos
PMs presos e que dormia ao lado
de uma das vítimas fatais dos
atentados do dia 22, está desaparecida há mais de dez dias. Colegas de rua de S. suspeitam que ela
esteja morta, diz ele.
Esfaqueados
Dois moradores de rua foram
esfaqueados por volta da 1h de
ontem, na avenida Cruzeiro do
Sul, no Canindé (centro).
Segundo os bombeiros, um foi
levado para a Santa Casa, com ferimentos graves no tórax. O outro
foi ferido no braço. O crime foi registrado no 9º DP (Carandiru).
Ninguém foi preso.
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