São Paulo, segunda-feira, 20 de setembro de 2004

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MASSACRE NO CENTRO

Ato lembra ataques a moradores de rua

Secretaria de Direitos Humanos quer investigar segurança privada

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República anunciou ontem que o ministro Nilmário Miranda fará um pedido formal à Polícia Federal para que abra um inquérito para investigar a segurança clandestina em São Paulo.
A questão, segundo o chefe da ouvidoria da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Montenegro, foi levantada pelas investigações do massacre de moradores de rua. Foram presos três seguranças clandestinos da região -dois deles, PMs-, suspeitos de serem autores dos ataques.
"Como as investigações hoje apontam para a existência de um comércio de segurança ilegal, clandestino e privado na cidade, vamos pedir à Polícia Federal -que tem a competência legal para investigar segurança privada- que apure o esquema", disse ontem Montenegro em ato pela paz realizado na praça da Sé (centro). A manifestação marcou o aniversário de um mês do início dos ataques, que deixaram saldo de sete mortos e oito feridos.
Montenegro revelou que a própria Polícia Federal não abriu o inquérito por conta própria porque "talvez não tenha os elementos que a secretaria reuniu entre dados do Ministério Público e da investigação da Polícia Civil".
"Nós não vamos esmorecer. Não vamos deixar isso cair no esquecimento", disse o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua. "As investigações começaram a mostrar um caminho. Mas isso ainda não basta."
"Precisamos chegar à raiz do problema: o crime organizado e a segurança clandestina, que contam com agentes da segurança do Estado. Não são dois ou quatro."
O ato reuniu cerca de 300 pessoas, segundo a PM, entre moradores de rua e representantes de organizações não-governamentais e entidades de defesa dos direitos humanos, e teve início com a encenação da peça "Gandhi" pelo ator João Signorelli.
Segundo Lancellotti, a moradora de rua S.S.M., agredida a pauladas no dia 21 -véspera da segunda onda de ataques- por um dos PMs presos e que dormia ao lado de uma das vítimas fatais dos atentados do dia 22, está desaparecida há mais de dez dias. Colegas de rua de S. suspeitam que ela esteja morta, diz ele.

Esfaqueados
Dois moradores de rua foram esfaqueados por volta da 1h de ontem, na avenida Cruzeiro do Sul, no Canindé (centro).
Segundo os bombeiros, um foi levado para a Santa Casa, com ferimentos graves no tórax. O outro foi ferido no braço. O crime foi registrado no 9º DP (Carandiru). Ninguém foi preso.


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