São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2005

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Serra repassa contas a dois bancos privados

FABIO SCHIVARTCHE
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após cassar uma liminar que havia suspendido a negociação, a administração José Serra (PSDB) assinou contratos na sexta-feira com o Itaú e o Bradesco e repassou a esses bancos o gerenciamento das principais contas bancárias da Prefeitura de São Paulo.
O primeiro assumiu um negócio que movimenta R$ 15 bilhões por ano e que obrigará os 210 mil servidores ativos e inativos da administração a ter uma conta nessa instituição para receber seus salários. O outro banco passa a cuidar de uma conta que gira R$ 7 bilhões anualmente.
As duas instituições bancárias foram as vencedoras de três lotes de uma licitação feita pela prefeitura. Era uma espécie de leilão em que ganharia quem apresentasse o maior valor -que será recolhido aos cofres municipais.
Na semana passada, o Santander Banespa havia obtido na Justiça uma liminar que garantia o cumprimento do convênio que o banco tem com a administração paulistana, firmado em 2002, ainda na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT), e válido até 2010. O antigo banco estatal, hoje controlado pelo espanhol Santander, gerencia 70 mil contas de servidores e fornecedores do município.
Com a liminar cassada, a prefeitura conseguiu assinar os contratos ainda na sexta-feira, disse a Secretaria Municipal das Finanças.
A assessoria do Santander Banespa afirmou ontem que o banco não se pronuncia sobre assuntos que estão na Justiça.
A disputa pelo negócio se arrasta desde fevereiro, quando a gestão Serra decidiu licitar os serviços bancários da prefeitura. Desde então, o Banespa obteve duas liminares, posteriormente cassadas, para sustar o leilão -realizado, enfim, há duas semanas.

Negócio milionário
O Itaú pagará à vista R$ 510 milhões para gerenciar a conta-salário dos servidores municipais, que movimenta R$ 4 bilhões por ano. Pagará também R$ 1,5 milhão para administrar o caixa e aplicações da prefeitura, que giram anualmente R$ 11 bilhões.
Para compensar o pagamento à prefeitura, o banco espera lucrar com a venda de serviços aos servidores municipais -como empréstimos e contas especiais.
Já o Bradesco passará a gerenciar a conta dos fornecedores -pessoas ou empresas que prestam serviços à prefeitura.
A gestão Serra deve lucrar cerca de R$ 530 milhões com essa operação. Essa verba é mais do que o dobro dos recursos que a prefeitura precisa para terminar as obras do Fura-Fila, um corredor segregado para ônibus.
Serra, que desde sua posse se queixa da má situação financeira da prefeitura, terá agora mais recursos para administrar em 2006, ano de eleição. Ele é um dos tucanos mais cotados para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


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