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Prefeitura de SP proíbe acesso ao Orkut
O veto já está valendo nas escolas e será estendido a telecentros; exceções serão analisadas caso a caso
VERÔNICA COUTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Prefeitura de São Paulo vai
aumentar o controle sobre a internet dentro da rede municipal, inclusive em telecentros.
Decreto do prefeito Gilberto
Kassab (DEM), publicado em
15 de agosto, obriga os órgãos
da administração direta e indireta a impedir o "acesso a conteúdos inadequados".
São eles os sites com "conteúdos relacionados a sexo,
drogas, pornografia, pedofilia,
violência e armamento, bem
como outros que venham a assim ser conceituados".
Na lista dos sites proibidos,
está o site de relacionamentos
Orkut, já bloqueado nas escolas. Um portal educacional, em
fase de homologação, vai oferecer blogs, comunidades e e-mails próprios, para que os alunos evitem os da internet.
A Prodam, empresa municipal que opera a rede da prefeitura, centraliza o controle do
conteúdo acessado na administração direta, por meio de filtros de hardware e software e
com base em palavras-chaves e
sites banidos.
Entidades com redes externas devem mostrar que têm
condições de restringir os acessos ou apresentar projeto técnico com esse fim em 180 dias.
A regra vale para os 144 telecentros de ONGs (organizações
não-governamentais) conveniadas (de um total de 245).
A secretária de Gestão, Malde Maria Vilas Bôas, admite
que o telecentro "pode ter um
padrão de sites um pouco diferente". A liberação será caso a
caso: "Vamos sentar e discutir".
Esses espaços podem funcionar com conexões próprias ou
cedidas por parceiros.
O presidente da Prodam,
João Octaviano Machado Neto,
quer ao menos um servidor de
cada telecentro ligado à rede da
prefeitura para possibilitar vistorias periódicas.
A medida gerou críticas. "Um
decreto preventivo e repressivo, em assunto tão complexo,
pode abrir caminho para a violações de direitos", adverte
Carlos Afonso, integrante do
Comitê Gestor da Internet
-órgão que concede os endereços dos sites brasileiros.
Segundo o Lidec (Laboratório de Inclusão Digital da USP),
parceiro do programa de telecentros estaduais -o Acessa
São Paulo-, há 3.000 pessoas
que fazem parte de comunidades do Orkut ligadas ao programa. Uma professora municipal
que não quis se identificar também reclamou da proibição do
acesso escolar ao site, onde
mantinha atividades pedagógicas com os alunos.
Para a estudante Daiane Resende, 16, que vai três vezes por
semana ao Telecentro Santa
Cecília (região central), sem o
Orkut, os telecentros "vão ficar
vazios", pois "todo mundo vem
aqui para isso, até os idosos têm
Orkut". Rafael Bastos, 26, também é contra. A troca de mensagens com os amigos, diz, é cada vez mais pela rede social.
Félix Ximenes, diretor de comunicação do Google, que controla o Orkut, diz que a empresa
vai procurar a prefeitura para
mostrar que o site de relacionamentos é seguro.
Em setembro de 2007, ele diz
que foram registradas, no Brasil, 20 mil denúncias por semana, sendo 5% relativas à violação de alguma norma do site
-0,4% com conotação sexual.
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