São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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Prefeitura vai apoiar boicote à carne para "salvar o planeta"

"Segunda Sem Carne" é uma campanha que será lançada no dia 3 em SP; para os organizadores, dieta carnívora é "insustentável"

Nutricionista afirma que o consumo majoritário de vegetais e legumes pode ser saudável, mas não se pode trocar carne por carboidratos

TAI NALON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Substituir carne por vegetais ou legumes para salvar o planeta é o lema da campanha "Segunda Sem Carne", que será lançada no dia 3 de outubro e terá o apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo.
A campanha é parte do lobby de ONGs e liderada no Brasil pela Sociedade Vegetariana Brasileira, que pretende tornar o movimento nacional.
A justificativa para o estímulo à alimentação vegetariana, segundo a secretaria, é que a dieta carnívora em ampla escala "é comprovadamente insustentável", além de não trazer benefícios à saúde.
Para o bancário Alisson Mendonça, 26, insustentável mesmo é ficar sem comer carne. Reunido com amigos numa churrascaria, diz que campanhas não substituem políticas ambientais sérias; tampouco enchem a barriga. "Imagina só: você come uma salada ou uma massa às 13h. Às 16h já está com fome de novo", afirma.
Para a economista Ana Cristina O'Farrill, 25, amiga de Mendonça, o vegetarianismo para fins ambientais atende aos poucos "que têm pena dos animais, mas vão ao shopping comprar uma bolsa de couro".
Críticas como essa incomodam a jornalista Mônica Soutelo, 64, em fase de adaptação para a dieta vegetariana. Segundo ela, toda vez que almoça com outros onívoros -pessoas que comem carne-, a mesa vira "uma Inquisição". "Às vezes me pergunto se é saudável comer sob interrogatório", brinca.
Já a assistente social Rail Girar, 61, amiga de Soutelo, come carnes e não vê problemas em experimentar da culinária vegetariana. "A verdade é que meu pai era vegetariano e minha mãe, não. E ambos morreram aos 93 anos. Do que eu tenho que reclamar?"
Para a nutricionista Katia Camargo, estimular o consumo majoritário de vegetais e legumes pode ser saudável, mas há restrições. "O único problema é que tem gente que confunde dieta vegetariana com simplesmente não comer carne", diz.
Segundo ela, é comum que, na tentativa de abolir carnes da alimentação, as pessoas substituam por carboidratos, como massas ou pizzas, por exemplo, ricos em gordura e colesterol.
O ideal, para o cardiologista Julio Navarro, é a adoção de uma dieta lacto-vegetariana, isto é, com alimentos de origem vegetal e laticínios. "Um complexo de vitaminas do tipo B daria para repor grande parte daquelas perdidas pela ausência de carne na dieta", diz.


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