São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 2011

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'O carro é uma arma', afirma rapaz que perdeu mãe e irmã

Velocímetro de veículo travou em 100 km/h após atropelamento na zona oeste

Máxima permitida em trecho onde ocorreu acidente é de 70 km/h; motorista se recusou a fazer teste de bafômetro

CAROLINA LEAL
DE SÃO PAULO

Poucos anos após a morte do pai, vítima de um infarto, o engenheiro elétrico Rafael Baltresca, 31, perdeu no sábado a mãe e a única irmã.
Miriam Baltresca, 58, e Bruna, 28, foram atropeladas na calçada depois de saírem do shopping Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo. Elas foram enterradas ontem, no cemitério do Araçá.
O velocímetro do Golf dirigido pelo bibliotecário Marcos Alexandre Martins, 34, marcava 100 km/h após a batida. Ele poderia estar numa velocidade ainda maior, caso tenha freado antes do acidente. A máxima permitida na pista da marginal é 70 km/h. Segundo a polícia, o bibliotecário apresentava sinais de embriaguez. Mas ele se recusou a fazer o teste do bafômetro. Martins, que está preso, nega que estivesse bêbado.
"O carro é uma arma. Em um segundo faz o que fez com a gente", disse Rafael durante o velório da mãe e da irmã. Ele afirmou não guardar rancor. Mas disse que, se o motorista bebeu, foi porque quis e deve ser responsabilizado pelo acidente. "Espero que não tenha impunidade."
Rafael afirmou que as leis brasileiras são muito brandas e criticou o fato de o bafômetro não ser obrigatório. Em decisão tomada no iníco deste mês, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o motorista que bebe e mata alguém em um acidente deve responder por homicídio culposo (quando não há intenção), e não doloso (quando assume o risco de matar).
Rafael contou, emocionado, que Miriam e Bruna foram ao shopping para ir ao cinema e para que a irmã comprasse o livro "A Última Música", best-seller do escritor americano Nicholas Sparks.
Bruna era advogada e trabalhava no Tribunal Regional do Trabalho. Havia pedido demissão havia uma semana pois tinha planos de viajar. "Ela queria ser livre. Saiu do trabalho pois se sentia presa", disse o irmão. "Hoje, o motorista deve ter acordado e andado de um lado para o outro. Ela, não mais."


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