São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002

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ENTREVISTA

"Médico não deve se conformar", diz homenageado por associação

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todo médico precisa ter uma "atitude política e ser um agente transformador". Tem de participar, não se conformar.
Essas idéias são do médico José Paulo Cipullo, 67, chefe do Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP) e um dos profissionais homenageados na última sexta-feira pela Associação Paulista de Medicina (APM).
Todo ano, no Dia do Médico, a associação presta homenagem a dois de seus profissionais. O outro foi Jorge Michalany, curador do Museu de Medicina da APM, homenageado pelo trabalho de resgate histórico que vem realizando. Justamente na sexta-feira, a APM também inaugurou seu museu, agora aberto ao público.
Michalany foi professor da então Escola Paulista de Medicina, hoje Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde José Paulo Cipullo se formou em 1962. Hoje, além de chefe de departamento da Medicina de Rio Preto, Cipullo é diretor de ética da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Enquanto estudante, Cipullo ajudava o pai no "barzinho" que mantinha no Clube Atlético Juventus, na rua Javari, em São Paulo. Pai de dois filhos e avô de dois netos, ele diz que permanece "juventino" e garante que viu o histórico gol de Pelé, de 1959, que não tem registros filmados. Leia trechos da entrevista à Folha:

Folha - Na sua opinião, como deve ser a formação de um médico hoje?
José Paulo Cipullo
- Estamos justamente reformulando o currículo na nossa faculdade. Defendo que o médico pode ser o especialista que desejar, mas antes tem de ter um bom médico com formação geral. Deve aprender em três frentes, no hospital da faculdade, nos ambulatórios do hospital e na comunidade, indo para as unidades básicas de saúde e para os programas de saúde da família. Antes de ser bom especialista, precisa ser um excelente clínico.

Folha - Que papel o médico deve desempenhar?
Cipullo
- Ele tem de ter atitude política, ser agente transformador. Não pode se conformar, ser só corporativista. Se o convênio não paga o suficiente, o doente não é culpado. O médico deve ter visão humanística, na formação, e humana, na atuação. Tem de ter uma formação holística.
As escolas estão mudando nessa direção, no sentindo de pôr o aluno próximo à realidade. Hoje, por exemplo, estudantes de 1º ano da faculdade estão indo aos postos de saúde, não como médico, mas como observador, para conhecer e entender aquele universo.


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