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TUMULTO NO CENTRO
Secretaria pune 40 e reconhece que houve abusos durante operação de fiscalização de comércio ilegal
SP afasta guardas após conflito com camelôs
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana de São Paulo reconheceu que houve abusos na ação
de fiscalização de ambulantes no
centro da capital e afastou 40
guardas civis metropolitanos que
participaram da ação, ocorrida
anteontem.
Cerca de 300 camelôs e 300
guardas enfrentaram-se por mais
de três horas na região do Vale do
Anhangabaú na segunda-feira à
tarde, segundo estimativa do secretário de Segurança do município, Benedito Mariano.
Os guardas começaram a operação pela ladeira da Memória, onde todos os camelôs são irregulares, apreendendo mercadorias
ilegais, como CDs piratas.
Seis guardas ficaram feridos
-todos já deixaram os hospitais
-e cinco ambulantes foram detidos pela Polícia Militar.
A Secretaria da Segurança do
Estado informou que os cinco foram autuados por lesão corporal,
dano ao patrimônio, formação de
quadrilha, roubo, resistência a ordem de prisão e corrupção de menores -eles teriam participado
de agressões aos guardas.
"O que motivou [os afastamentos] foi a avaliação de que houve
falhas, atos excessivos e abusivos", disse Mariano. "Por exemplo, guardas com arma em punho. Em hipótese alguma o guarda pode tirar a arma do coldre em
fiscalização de ambulantes. É uma
orientação da secretaria."
Mariano afirmou ter visto as
imagens pela televisão ontem.
"Em uma [imagem] a pessoa, já
algemada, foi agredida. Toda operação que termina em confronto
não é boa. Eles [os guardas] são
treinados para não apanhar e não
bater."
A reportagem não conseguiu
ouvir ontem o sindicato dos guardas civis. O secretário não quis
dar detalhes sobre os critérios de
escolha dos quarenta guardas
afastados. Eles deixarão de participar das fiscalizações de ambulantes e passarão por uma averiguação preliminar. Em última
instância, se comprovadas irregularidades, poderão ser demitidos.
"Foram seguidos os critérios de
avaliação da guarda e da secretaria", disse Mariano.
Na noite de segunda-feira, por
causa da confusão, uma das entidades que reúnem camelôs da cidade, o Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo, ameaçou retirar o apoio à reeleição da
prefeita Marta Suplicy (PT). Ontem, a entidade mudou de idéia
após uma assembléia que aconteceu pela manhã.
O comando da campanha de
Marta prometeu ontem que, se a
prefeita for reeleita, a questão do
comércio informal será tratada
pela secretaria do Trabalho, e não
mais pela de Subprefeituras, reivindicação dos ambulantes.
"Foi um tumulto imprevisto,
não uma ação de governo, mas da
guarda", afirmou o presidente do
sindicato de ambulantes, Afonso
José da Silva, que foi candidato a
vereador pelo PC do B, partido da
coligação que busca a reeleição de
Marta Suplicy. A cidade tem hoje
6.945 camelôs regularizados,
1.244 deles no centro.
"Em nenhum momento a guarda vai afastar em razão de questão
eleitoral e político-partidária",
afirmou Mariano ao ser questionado sobre uma eventual motivação política dos afastamentos. Ele
disse que já houve outros afastamentos em razão de agressões a
camelôs, mas não precisou quantos.
(FABIANE LEITE)
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