São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeito, que havia proibido shows no estádio após críticas contra barulho, impõe várias exigências para o evento

Serra recua e Pearl Jam toca no Pacaembu

ALEXSSANDER SOARES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fãs do Pearl Jam podem se preparar para assistir aos shows da banda norte-americana no estádio do Pacaembu, em São Paulo, nos dias 2 e 3 de dezembro.
O prefeito José Serra (PSDB) acertou a liberação do estádio com uma série de exigências, batizada por seus colaboradores de "tolerância zero".
Serra havia suspendido a realização de shows no estádio por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em 19 de setembro, após queixas de moradores da região do Pacaembu por conta do barulho causado por evento que deveria ter terminado às 22h, mas que acabou à 1h.
Na ocasião, o diretor do estádio, o ex-juiz de futebol José de Assis Aragão, foi demitido.
Em 6 de outubro, após reclamações de produtores do show, que ameaçaram levar a apresentação para outra cidade, Serra disse considerar ""uma certa chantagem" o fato de empresários insistirem que o Pacaembu era o único espaço viável para o evento.
Após se reunir na terça-feira à noite com auxiliares, Serra recuou e decidiu dar uma ""última chance" para a realização de shows no Pacaembu. O prefeito, segundo assessores, considerou que a cidade tem necessidade de atrair grandes eventos, mas determinou regras rigorosas para a realização de shows no Pacaembu.
A SPTuris estima que os dois shows podem gerar cerca de R$ 6 milhões na cadeia produtiva do turismo na cidade.

Show até 21h45
As apresentações do Pearl Jam são as últimas reservadas para o estádio neste ano e terão de ser encerradas às 21h45 - quinze minutos antes do horário máximo permitido. Os ensaios também só serão autorizados à tarde, e com duração de, no máximo, trinta minutos.
Esquemas especiais para evitar transtornos aos vizinhos do estádio serão montados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), pela Subprefeitura da Sé e pela Polícia Militar.
Quem for ao show da banda só poderá estacionar os veículos em bolsões especiais. Os fiscais também vão controlar a presença de ambulantes, especialmente nas ruas de acesso ao estádio.
A Polícia Militar também vai organizar uma operação especial para evitar ocorrências de furtos e roubos nas casas vizinhas. Os policiais estarão orientados a não permitir a ação de flanelinhas.
Os problemas de trânsito, segurança e a presença de ambulantes e flanelinhas nas ruas residenciais são algumas das reclamações dos moradores da região.
O presidente da CIE Brasil, Fernando Altério, produtor dos shows do Pearl Jam, terá de assinar um termo de compromisso para a limpeza do interior do estádio, da praça Charles Miller e das ruas próximas. O contrato preparado pela prefeitura também vai impor multas, caso não ocorra o cumprimento das regras.
Altério disse que só vai se pronunciar sobre as condições impostas pela prefeitura amanhã.

Decisão final
Após a apresentação do Pearl Jam, Serra pretende analisar as possíveis ocorrências no estádio e na vizinhança para decidir, em definitivo, se vai proibir a realização de shows no Pacaembu.
Na liberação para a banda norte-americana pesou o fato de que não seria possível achar outro espaço adequado para apresentação até as datas previstas para os shows no Pacaembu.
O Parque Antártica, por exemplo, receberá uma partida de futebol. Já o Morumbi é considerado muito grande pela banda.
A prefeitura chegou a pensar em transferir o show para a Arena Skol, localizada ao lado do sambódromo (zona norte). A idéia foi abandonada porque não existia condições de segurança necessárias para receber um público estimado em 40 mil pessoas.
Os produtores também tinham restrições para a realização de shows na arena, por considerar o espaço pequeno e pela dificuldade em conseguir patrocínio de outras marcas de bebida.


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