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Prefeito do Rio muda e
faz campanha pelo "não"
SERGIO COSTA
DA SUCURSAL DO RIO
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), que havia se manifestado a
favor do "sim", trocou de lado em
menos de um mês e agora é pelo
"não" no referendo. Na véspera
do encerramento da campanha,
está enviado e-mails a pelo menos
4.000 pessoas cadastradas através
do seu blog político (fora do ar
desde o mês passado). Multiplicada pelas redes de e-mails associadas a dele, essa audiência pode
chegar a até 100 mil em dois dias.
No e-mail, além do voto, ele pede que façam campanha contra a
proibição da venda de armas.
Curioso é que no último dia 3,
consultado pela Folha sobre como votaria, respondeu "sim". "O
plebiscito [referendo] engessa a
decisão. O ideal seria tratar a arma
como um automóvel, exigindo
carteira, exame, revisão, perda da
autorização, cadastro nacional
etc. Mas, nas circunstâncias, tenho que votar e votarei sim, porque é a melhor das alternativas."
"Foi um processo evolutivo.
Parti metodologicamente da posição "sim". E, assim como 40%
dos eleitores, mudei de opinião
no processo com as informações
técnicas, legais e políticas que fui
recebendo", afirma o prefeito,
também pré-candidato do PFL à
Presidência ou ao governo do Rio.
Na carta, que se chama "Hora
Decisiva", o tom do discurso também muda. "De hoje a domingo
-como em todas as eleições-,
25% dos eleitores ainda podem
mudar de opinião. É hora de pedir voto, de esclarecer, de informar. O voto no "não" é dizer não
aos bandidos! Não à violência!
Não aos assaltos em condomínios
e edifícios e ruas controladas!"
Em seguida, Maia afirma que
EUA e Reino Unido jamais fizeram um referendo nacional e cita
o uso "autoritário" do instrumento para dar plenos poderes a Hitler, na Alemanha, e por Hugo
Chávez, na Venezuela, para fechar o Congresso.
A carta termina com outro pedido de Maia, que costuma responsabilizar só o Estado quando
se trata de segurança: "Vamos pedir o voto "não" a nossos amigos,
parentes, pessoas que trabalham
conosco. Não ao monopólio dos
bandidos! Não ao autoritarismo!
Vote 1! Vote "Não'!"
Também por e-mail, desta vez à
Folha, Maia explica a razão da politização do referendo. "Esse debate deixou de ser técnico há muito tempo. E seria inevitável num
plebiscito nacional. Passou a ser
político, e seu resultado dará muitas informações sobre como a população percebe politicamente a
conjuntura e o governo."
O e-mail foi considerado oportunista pelo deputado estadual
Carlos Minc (PT), defensor do
"sim". "Ele ficou quietinho até
aqui e agora, quando viu que o
"não" cresceu, resolveu entrar em
campo aos 44min do segundo
tempo, para tentar recuperar a
imagem de durão."
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