São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Jovem é morto por segurança de shopping

Segundo testemunhas, rapaz de 26 anos foi assassinado durante discussão, em Campinas, após ter derrubado cones de sinalização

Segurança fugiu logo após o crime; shopping Iguatemi afirma que empresa faz segurança do local há mais de dez anos

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

"O que eu fiz?", perguntou Rafael Silva de Paula Moreira, de 26 anos, momentos antes de receber um tiro no rosto. O autor do disparo foi Roberto Aparecido Lopes, segurança do Shopping Center Iguatemi, em Campinas (SP). O motivo do assassinato, segundo testemunhas, foi uma discussão após o jovem e um grupo de amigos terem derrubado cones de sinalização na saída do shopping.
Rafael, técnico em radiologia, havia ido ao shopping, na noite de anteontem, com outros cinco amigos em três motos comprar ingressos para um show. O crime ocorreu no horário de maior movimento da saída do shopping, por volta das 22h. O segurança fugiu após cometer o crime.
Rafael era filho único do PM aposentado Donizete de Paula Moreira, 51, e da manicure Silvia. Ele foi enterrado ontem, por volta das 16h30, diante de pelo menos 200 pessoas.
"Eu só tinha ele. Este mundo está louco. A sociedade precisa mudar", disse o pai de Rafael. Segundo ele, o filho iria prestar biomedicina no ano que vem. "Ele ia ao shopping desde pequeno. Pegava os patins e ia lá porque achava que era seguro", afirmou o pai.
Testemunhas relataram à polícia que Rafael e o grupo de amigos derrubaram alguns cones de sinalização na saída do shopping. Em seguida, foram abordados por seguranças. Houve discussão, e Rafael foi atingido pelo disparo. O tiro atravessou o crânio.
O segurança, contratado pela empresa de segurança terceirizada Verzani & Sandrini Segurança Patrimonial, continuava foragido até a conclusão desta edição. Ele ainda deixou a arma do crime com colegas antes de fugir. A polícia espera que ele se apresente hoje -quando vence o prazo de 24 horas para prisão em flagrante.
O shopping e a empresa de segurança afirmaram que a Verzani & Sandrini possui as autorizações exigidas pela PF para atuar com seguranças armados. A empresa presta serviço ao shopping, que recebe cerca de 1,9 milhão de pessoas por mês, há mais de dez anos.
Rafael, que morava no bairro Jardim Proença, de classe média, ainda foi levado ao hospital pela ambulância do próprio shopping, mas não resistiu.
"Ele era uma pessoa muito querida. Foi comprar um ingresso para ir a um show e estava feliz. Acabou morto brutalmente", disse Ana Carolina, 21, amiga da vítima. Rafael namorava há sete anos. Ontem, a namorada dele, Vanessa, preferiu não falar sobre o crime.
Segundo o pai, a turma do filho tinha mania de fazer balizas em cones, mas nunca tinha a intenção de derrubá-los. "Ele adorava motos", afirmou.


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