São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2006

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Brasileira é deportada ao tentar reaver filho

Civanilde Marques iria à audiência na Itália para tentar reverter adoção do filho, mas polícia da França, onde fez escala, mandou-a de volta

A maranhense diz que as autoridades francesas que a interrogaram acharam que ela não tinha dinheiro para se manter na Itália

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Depois de quase um ano para conseguir uma audiência na Justiça italiana e tentar reverter a adoção de seu filho por uma família daquele país, a maranhense Civanilde Costa Marques, 28, foi deportada anteontem da França, onde fazia uma conexão para a Itália.
Marques, que chegou ontem ao Brasil, disse que as autoridades francesas acharam que ela não tinha dinheiro para se manter na Itália -o que poderia ser um indício de que tentava migrar para lá- e a deportaram. "Perguntaram quanto eu tinha, e disse que R$ 116. Perguntaram então como iria me manter lá [na Itália]. Mostrei um endereço e falei que tinha pessoas esperando por mim lá."
Ela contou que foi entrevistada por policiais franceses, com ajuda de uma tradutora, em uma sala do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.
O filho de Marques foi levado à Itália em 98, aos 3 anos, pela meia-irmã dela, na época casada com um italiano. Em 2003, a Justiça italiana retirou do casal a guarda do menino por entender que ele estava em situação de abandono. Desde então, a mãe não teve mais contato com o garoto, hoje com 12 anos.
Marques viajou com uma passagem paga pelo governo do Maranhão. A audiência estava marcada para hoje, em Turim.
"Foi igual à novela. Eu dizia que ia para uma audiência na Itália, onde meu filho estava, e eles nem me escutavam. Comecei a chorar. Nem acreditava no que estava acontecendo, estava tão perto de chegar à Itália."
Em 2005, Marques recebeu uma correspondência da Justiça da Itália, na qual era informada de que o filho estava sendo adotado por uma família italiana. A partir daí, procurou o Ministério Público do Estado.
Em dezembro de 2005, o Ministério das Relações Exteriores destinou recursos para a contratação de um advogado na Itália para atuar no caso.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, que também segue o caso, comunicou a deportação de Marques ao Ministério das Relações Exteriores, com um pedido para solicitar um adiamento da audiência.
Marques é funcionária da Prefeitura de São Vicente Ferrer (MA), onde mora com o marido e uma filha.


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