São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Lojistas do Butantã fecham rua após ação da prefeitura

Polícia foi chamada para liberar a rua Alvarenga, um dos principais corredores da zona oeste

Protesto ocorreu após fiscais da prefeitura fecharem estabelecimentos que estão em desacordo com o zoneamento da região

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Diligência de fiscais da Subprefeitura do Butantã terminou em confusão e virou caso de polícia ontem à tarde na rua Alvarenga, um dos corredores principais do bairro localizado na zona oeste de São Paulo.
Ações da secretaria das Subprefeitura em três regiões da cidade interditaram ontem 31 lojas, 22 delas em Moema (zona sul), seis no Butantã e três na região central por irregularidade com a lei de zoneamento ou por terem feito reformas nos imóveis sem autorização.
Insatisfeitos com o fechamento do comércio, entre 30 e 40 lojistas e empregados da Alvarenga interditaram a rua com pedaços de madeira e tentaram pôr fogo com querosene.
Policiais do batalhão de trânsito intervieram com revólveres nas mãos, sob gritos dos comerciantes e empregados.
Alertados há 40 dias pela prefeitura, os estabelecimentos já haviam sido multados em R$ 47 mil pelas irregularidades.
A Alvarenga, inserida numa região residencial, é classificada como "zona de centralidade linear". Ou seja, não são permitidos comércio, escolas, postos de gasolina ou atividades que gerem grande fluxo de trânsito. São permitidos apenas escritórios de prestação de serviços.
"Os lojistas têm de levar em conta que são minoria. O bairro todo quer preservar o zoneamento legal. Há muita reclamação no entorno. À medida que estão distorcendo o zoneamento da rua, estão infringindo o direito dos moradores", diz o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.
De 20 estabelecimentos irregulares no Butantã, seis fecharam as portas antes da fiscalização e outros seis foram lacrados pelos fiscais. A ação continua na próxima semana.
Dono da CGP Lustres, no número 1.601, Jackson Kenedy de Vasconcelos diz que vai pôr ao menos 30 faixas na Alvarenga em protesto contra o fechamento do comércio, o que também é proibido por lei. A maior parte dos comerciantes está na região, na entrada da USP, há pelo menos 20 anos.
A preocupação de urbanistas consultados pela Folha é a de que, caso o comércio seja definitivamente banido, é pouco provável que a Alvarenga volte a ser rua residencial.
"A idéia de uma cidade toda setorizada entre shoppings e edifícios residenciais isolados me parece terrível, porém estamos caminhando para isso. O uso misto ainda deve ser incentivado", diz o arquiteto e urbanista Fernando Viegas.
Embora diga não conhecer bem a região, Carlos Bratke, ex-presidente do IAB Paulista e da Fundação Bienal de São Paulo, diz que é preciso respeitar a lei e levar em conta cálculos como a densidade populacional. "Primeiro, há uma legislação, que foi descumprida. Segundo, existem cálculos de infra-estrutura que são pensados em função de obras e do sistema viário", afirma.
Operação da Subprefeitura da Vila Mariana na avenida dos Eucaliptos ontem em Moema lacrou 22 lojas irregulares de acordo com a lei de zoneamento, que não permite comércio no local. Outros 11 estabelecimentos fecharam voluntariamente ao longo da semana.
Oito conseguiram liminares na Justiça e nove apresentaram documentação, ainda em análise na prefeitura.


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