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Lojistas do Butantã fecham rua após ação da prefeitura
Polícia foi chamada para liberar a rua Alvarenga, um dos principais corredores da zona oeste
Protesto ocorreu após fiscais
da prefeitura fecharem
estabelecimentos que estão
em desacordo com o
zoneamento da região
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Diligência de fiscais da Subprefeitura do Butantã terminou em confusão e virou caso
de polícia ontem à tarde na rua
Alvarenga, um dos corredores
principais do bairro localizado
na zona oeste de São Paulo.
Ações da secretaria das Subprefeitura em três regiões da cidade interditaram ontem 31 lojas, 22 delas em Moema (zona sul), seis no Butantã e três na
região central por irregularidade com a lei de zoneamento ou
por terem feito reformas nos
imóveis sem autorização.
Insatisfeitos com o fechamento do comércio, entre 30 e
40 lojistas e empregados da Alvarenga interditaram a rua com
pedaços de madeira e tentaram
pôr fogo com querosene.
Policiais do batalhão de trânsito intervieram com revólveres nas mãos, sob gritos dos comerciantes e empregados.
Alertados há 40 dias pela
prefeitura, os estabelecimentos
já haviam sido multados em
R$ 47 mil pelas irregularidades.
A Alvarenga, inserida numa
região residencial, é classificada como "zona de centralidade
linear". Ou seja, não são permitidos comércio, escolas, postos
de gasolina ou atividades que
gerem grande fluxo de trânsito.
São permitidos apenas escritórios de prestação de serviços.
"Os lojistas têm de levar em
conta que são minoria. O bairro
todo quer preservar o zoneamento legal. Há muita reclamação no entorno. À medida que
estão distorcendo o zoneamento da rua, estão infringindo o
direito dos moradores", diz o
secretário das Subprefeituras,
Andrea Matarazzo.
De 20 estabelecimentos irregulares no Butantã, seis fecharam as portas antes da fiscalização e outros seis foram lacrados
pelos fiscais. A ação continua
na próxima semana.
Dono da CGP Lustres, no número 1.601, Jackson Kenedy de
Vasconcelos diz que vai pôr ao
menos 30 faixas na Alvarenga
em protesto contra o fechamento do comércio, o que também é proibido por lei. A maior
parte dos comerciantes está na
região, na entrada da USP, há
pelo menos 20 anos.
A preocupação de urbanistas
consultados pela Folha é a de
que, caso o comércio seja definitivamente banido, é pouco
provável que a Alvarenga volte
a ser rua residencial.
"A idéia de uma cidade toda
setorizada entre shoppings e
edifícios residenciais isolados
me parece terrível, porém estamos caminhando para isso. O
uso misto ainda deve ser incentivado", diz o arquiteto e urbanista Fernando Viegas.
Embora diga não conhecer
bem a região, Carlos Bratke,
ex-presidente do IAB Paulista
e da Fundação Bienal de São
Paulo, diz que é preciso respeitar a lei e levar em conta cálculos como a densidade populacional. "Primeiro, há uma legislação, que foi descumprida. Segundo, existem cálculos de infra-estrutura que são pensados em função de obras e do sistema viário", afirma.
Operação da Subprefeitura
da Vila Mariana na avenida dos
Eucaliptos ontem em Moema
lacrou 22 lojas irregulares de
acordo com a lei de zoneamento, que não permite comércio
no local. Outros 11 estabelecimentos fecharam voluntariamente ao longo da semana.
Oito conseguiram liminares
na Justiça e nove apresentaram documentação, ainda em
análise na prefeitura.
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