São Paulo, terça-feira, 20 de outubro de 2009

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Polícia caça traficantes e acha armas no Rio

Rifle que pode ter derrubado helicóptero no sábado foi encontrado em um matagal a 15 km do local da queda da aeronave

Governo federal nega que ordem para o ataque tenha partido de traficantes do presídio de segurança máxima de Catanduvas (PR)

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
JOÃO PAULO GONDIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO

Do arsenal da facção criminosa que no sábado derrubou um helicóptero da Polícia Militar, um rifle foi apreendido ontem na Baixada Fluminense. Para a polícia, a arma pode ter sido usada no ataque.
O rifle estava em um matagal em Mesquita, a cerca de 15 quilômetros do local da queda. Junto a ele, havia outra arma também com capacidade para derrubar helicópteros, segundo a PM. Era um rifle ou um fuzil. A polícia ainda não havia identificado a arma, que teve os números de série raspados.
Com a morte ontem do cabo Izo Gomes Patrício, 36, e de um suposto traficante na favela Parque União, subiu para 22 o número de mortos desde sábado, quando o morro dos Macacos (Vila Isabel, zona norte) foi invadido por criminosos do CV (Comando Vermelho), a partir do vizinho morro São João.
Além do cabo, outros dois soldados morreram e três PMs ficaram feridos.
Com cerca de 2.000 policiais, a PM fez ontem operações em favelas dominadas pelo CV, como Jacarezinho, Prazeres e as de Manguinhos, em busca de armas e de traficantes que participaram do ataque. Murilo Rodrigues dos Santos Pimenta, 18, foi preso na favela do Jacarezinho, e, segundo a polícia, admitiu ter participado da invasão do morro dos Macacos.
A principal ação do dia ocorreu na favela da Chatuba, em Mesquita. Além das duas armas, a PM encontrou duas espingardas, uma submetralhadora, uma granada, uma espada, oito fardas pretas parecidas com as do Bope, munição, cocaína e maconha.
Segundo a PM, as armas foram usadas no morro São João, de onde partiram os disparos contra o helicóptero.

Divergências
O Ministério da Justiça negou ontem versão da Secretaria de Segurança do Rio de que a ordem da invasão veio de líderes do CV que estão no presídio de segurança máxima de Catanduvas (PR). Segundo o ministério, os presos não têm contatos com mensageiros e não usam celulares.
O chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, disse que a polícia detectou as ordens e que elas podem ter chegado por meio de presos.
O governador Sergio Cabral Filho (PMDB) contestou a cúpula da polícia. Ele disse que as polícias não sabiam previamente do ataque. "Não temos essa informação. Nessa hora, o que mais tem é palpiteiro."

Morro dos Macacos
O morro dos Macacos é o principal reduto da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos). Sua localização, próximo ao centro e num bairro (Vila Isabel) com população de classe média, faz com que seja cobiçado pelas siglas inimigas, sobretudo o CV, que domina a maioria das favelas dos bairros vizinhos. Para o CV, assumir o morro atenuaria os prejuízos dos últimos tempos pela perda de alguns redutos, para a ADA ou para a polícia.


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