São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Excesso de uso de antibiótico e falta de pesquisa são as causas

STEFAN CUNHA UJVARI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nos últimos dias, conhecemos a KPC, que causou mortes por resistir a antibióticos potentes. A emergência de tal bactéria decorreu de alguns fatores, e o homem se encontra no centro.
Na evolução, os micro-organismos necessitaram de mutações para resistirem aos antibióticos naturais lançados por outros micro-organismos. Crustáceos, moluscos e peixes produziram novas substâncias antibacterianas, e surgiram novas mutações bacterianas.
Seguiram-se as moléculas antibacterianas produzidas pelos recém-emergidos anfíbios, insetos e, posteriormente, seres mais complexos. As bactérias contra-atracavam: para cada nova substância antibacteriana, uma nova estratégia para resistir.
Na década de 1920, o homem descobriu uma dessas substâncias produzidas, no caso, pelos fungos: a penicilina. Nas décadas seguintes surgem antibióticos novos.
As bactérias, porém, evoluíam ao ataque humano.
Criavam estratégias para resistência: produziam substâncias que destruíam as moléculas de antibióticos, fechavam os portões de suas cápsulas pelos quais os antibióticos entravam e produziam constituintes celulares diferentes de tal maneira que as drogas humanas não mais os encontravam.
O excesso do uso de antibióticos acelerou a velocidade do surgimento de bactérias resistentes. Aliado a isso, o número de drogas antibacterianas lançadas despencou nos últimos 20 anos.
Se quisermos retomar a dianteira na guerra contra a evolução bacteriana, precisamos intensificar, principalmente nos hospitais, a recomendação da lavagem das mãos e, com urgência, retomar a intensidade das pesquisas para descoberta de novos antibióticos.


STEFAN CUNHA UJVARI é infectologista


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