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ANÁLISE
Excesso de uso de antibiótico e falta de pesquisa são as causas
STEFAN CUNHA UJVARI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nos últimos dias, conhecemos a KPC, que causou mortes por resistir a antibióticos
potentes. A emergência de
tal bactéria decorreu de alguns fatores, e o homem se
encontra no centro.
Na evolução, os micro-organismos necessitaram de
mutações para resistirem aos
antibióticos naturais lançados por outros micro-organismos. Crustáceos, moluscos e peixes produziram novas substâncias antibacterianas, e surgiram novas mutações bacterianas.
Seguiram-se as moléculas
antibacterianas produzidas
pelos recém-emergidos anfíbios, insetos e, posteriormente, seres mais complexos. As bactérias contra-atracavam: para cada nova substância antibacteriana, uma
nova estratégia para resistir.
Na década de 1920, o homem descobriu uma dessas
substâncias produzidas, no
caso, pelos fungos: a penicilina. Nas décadas seguintes
surgem antibióticos novos.
As bactérias, porém, evoluíam ao ataque humano.
Criavam estratégias para resistência: produziam substâncias que destruíam as moléculas de antibióticos, fechavam os portões de suas
cápsulas pelos quais os antibióticos entravam e produziam constituintes celulares
diferentes de tal maneira que
as drogas humanas não mais os encontravam.
O excesso do uso de antibióticos acelerou a velocidade do surgimento de bactérias resistentes. Aliado a isso, o número de drogas antibacterianas lançadas despencou nos últimos 20 anos.
Se quisermos retomar a dianteira na guerra contra a evolução bacteriana, precisamos intensificar, principalmente nos hospitais, a recomendação da lavagem das
mãos e, com urgência, retomar a intensidade das pesquisas para descoberta de
novos antibióticos.
STEFAN CUNHA UJVARI é infectologista
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